Fé e incertezas

Ai, como você confunde as coisas…
por tangereene

Abraçar suas incertezas não precisa ser abandonar a fé não. Pode ser a potencialização da dita cuja! A consciência de não-saber abre um leque tão imenso de opções e, ainda um outro se torna possível – o leque a ser criado – as escolhas não estão mais dadas, estão por ser inventadas. Mil detalhes cintilando, cada um: possível. Nem falso, nem verdadeiro. Estão por ser acreditados. A ilusão quer ser artifício, não inimiga. Ela é desejo na cabeça e desejo é o que nos move. E não foi Nietzsche nem Freud quem me ensinou isso, tão pouco o próprio Dionísio; foi o cristianismo: Deus nos desejou, então nos fez e parecidos com ele nesse impulso de criação. É assim que eu tento inventar a minha (ilusão, lembra?). Não é a fé que atrapalha, nem a dúvida… É o corpo (reprimido, não a existência do mesmo por si só, claro).

Pode tachar de mania do contra. Mas sobre os do contra, honestamente me torno cética (aqui sim) cada dia mais um pouco. Iguais e Diferentes – só muda o endereço (quando muda). É muito difícil escapar dos fashionismos (não me incluo, nem minimamente, fora desta – sigo moda. que/quais moda[s]? aí já é outra conversa), não digo impossível pra não soar totalitária. Mas querer suas motivações e atitudes sempre singulares pra se diferenciar do resto, convenhamos, já é idéia/moda faz algum tempo. Por diferença ou identificação, ser único é inevitável, ser massa é inevitável; a maior graça me continua vindo em me ligar aos outros; de forma imperfeita, rasurada, esquizofrênica até. E por fim (e meio) – responsável por mim e por essas ligações – porque a ilusão nociva está na fé que produz descompromisso com a responsabilidade; com assumir-se, mesmo como aquilo que não se sabe o que é. Mas isso tudo não lhe dá certeza de nada. Confundir é legal, sabendo que se está confundindo.

tangereene é sabiamente maluca, prestes a se formar em Ciências Sociais e professora. Atualmente, atualiza o blog que leva seu apelido: http://www.fotolog.com/tangereene/