Alguns poemas

Pra essa madrugada de domingo, alguns versos de meses e meses atrás, que hoje já não saem com tanta frequência. Versos breves que, com o olhar de hoje, olho e chamo de poesiabit. Não beat. Mas bit, mesmo. Dilemas que, às vezes, voltam por estar tão imergido nessa cadeira ultimamente.

[comunicação]

quanto de mim sobra entre os fios da rede telefônica?
quanto de mim foge na corrida dos flashs rumo aos satélites?
quanto de mim olha pra mim enquanto escrevo estranhando essa tela?
há de ser pouco (Deus queira que sim…)
pois vital é saber o quanto de mim ainda está aqui.

—

[à mesa]

poesia volta a ferver,
borbulhar na panela de pressão.
pronta para ser parte da mesa:
prazer de quem senta-se
e digere as palavras
que o poeta temperou.

—

[o poeta e o mundo ou homenagem contemporânea a Fernando pessoa]

o poema:
mediador
entre o poeta
e o mundo,
quando
o poeta
não está
no mundo.

o mundo
olha e diz
– cai na real
pronto:
o poema,
acabou.

—

e, pra finalizar e explicar mais a idéia de poesiabit, este último que, apesar de não me agradar mais tanto quanto antes, continua tendo a mesma força de metáfora que antes.

[cotidiano mínimo]

minimizo meu cotidiano
às amplas linhas
de um poema notepad

dos instantes faço bits
e bytes, desses meses

não há mais pó
– a não ser no lápis –

e estes segundos
– em banda larga –
zipo num só arquivo
maximizo
ao resumo…
papel.

se você se depecionou e agora deu vontade de ler alguma coisa mais interessante, indico Paulo Leminski. Ele é o melhor.

Ricardo Oliveira