[Fest Aruanda] Primeiro dia da mostra competitiva

[Mostra de curtas]: O 3° Fest Aruanda também tem sua parte competitiva e ela iniciou hoje, com a exibição de 10 curtas, sendo Gravidade (Torquato Joel – PB) e Vida Maria (Márcio Ramos – CE) fora da competição. Abaixo, os filmes com suas respectivas cotações dadas por esse blogueiro metido e também breves comentários.

Gravidade (Torquato Joel-PB)

O filme foi obviamente prejudicado pelas condições inadequadas de exibição (feito em película, exibido em DVD). Porém, não creio que uma melhoria teria o ajudado. Me parece que o novo curta de Torquato, ao contrário do genial Passadouro, entrou num hermetismo que prejudica a relação com o espectador. Quem somos nós para julgar se os símbolos exibidos ali são mais ou menos fortes. Tratamos aqui de um filme que merece, no mínimo, uma revisão e, de preferência, na condição correta de projeção.

Vida Maria (Márcio Ramos-CE)

Não fosse o fato de conseguirmos prever ao menos parte do que acontecerá, estaríamos falando de uma obra-prima. A animação de Márcio Ramos (foto acima) é um exemplo de que o Nordeste pode dar muito mais do que simplesmente “estética do sertão” quando falar de si mesmo. Um curta que exibe uma técnica apurada em contar uma história utilizando recursos que somente o mundo 3D proporcionaria.

MOSTRA COMPETITIVA
alguns com links para trailers ou versão online do filme.

Memórias de uma Guerra (RS) – ficção

Uma fotografia e direção de arte interessantes não salvam histórias fracas e atuações teatrais.

O Jumento Santo e a Cidade que se Acabou antes de Começar (PE) – animação

Havia assistido metade deste curta quando fui ao Festival do Recife e lá mesmo havia me parecido interessante. Questiono a forma como coloca alguns dos temas, porém, se o diretor se propôs ao politicamente incorreto não é problema meu. Mesmo assim, o texto é de uma criatividade admirável que casa muito bem com a animação.

Cheiro de Banheiro (PB) – ficção

Me pergunto se fazer filmes B ou algum tipo de audiovisual “underground” em João Pessoa é algo próximo do proposto aqui. Se é disso que falamos, me interessa muito pouco.

Doc.8 (RS) – doc

Dessas coisas que te informam algo importante, mas que é uma contradição estética diante do que representa o Super 8 (tema abordado): suporte que é justamente famoso por ser barato, possibilitando novas experimentações em película.

Sina – A sorte do homem (PB) – ficção

O experimental certamente não é de fácil idealização, muito menos, recepção. O problema é que ela pode ser justificada com diversos argumentos e, certamente, poucos me convenceriam neste caso.

O Hotel do Coração Partido (PE) – animação

“Ronaldo era especial, seu coração era evidentemente maior que os corações normais…”. Isso não o impedia de ser também indeciso e ter uma ponta de canalhice. Fato é que a animação sobre ele ficou ótima e, até agora é a melhor do festival.

Solitário Anônimo (DF) – doc

Personagem sinistro, inusitado e que realmente merece atenção. Frágil a escolha de exibir fortes doses de sofrimento num mundo audiovisual em que já vemos tantas coisas do tipo, com tanta frequência.

Pipo Pipa (MG) – animação

Um curta que chamaríamos de pequeno por sua simplicidade e não por ser menor. Talvez tenha sido justamente isso que me emocionou. Uma solução bela para o que nos é apresentado: um bicho soltando pipa.

Pela Tela Pela Janela (PB) – doc

Certamente um documentário feito por um apaixonado pelo cinema. Emocionou e me fixou a tela durante toda a exibição. Parabéns aos realizadores pela ótima escolha do tema e dos entrevistados. A montagem em particular foi muito bem realizada, fazendo encontros interessantes nas falas e to
rnando o discurso dos personagens mais forte e apaixonado pela sétima arte.

Solidão Sem Fim (MG) – animação

Uma boa idéia continua sendo boa se não temos força na elaboração?

Ricardo Oliveira
DIVERSITÀ na cobertura oficial do 3° Fest Aruanda.