Rápido e Rasteiro [6] Filmes – visões e revisões

Os 06 primeiros filmes do ano tem apenas dois inéditos. Ainda não fui ao cinema (a grade continua fraca) e fui vendo coisas em casa mesmo. Do primeiro ao mais recente:

4 meses, 3 semanas e 2 dias
Cristian Mungiu (PC)

O vencedor da Palma de Ouro de 2007 é rico na estética e polêmico na idéia: o diretor apresenta a temática tentando nos mostrar como temos uma personagem coitadinha e outra heroina? Talvez. Mas é possível também pensar que um diretor romeno tenha outra forma de enxergar o mundo e nossos julgamentos sejam, possivelmente, injustos. Em algumas cenas ele realmente força a barra para tentar nos chocar mas isso é o menor do filme.

À Prova de Morte
Quentin Tarantino ( PC) 2ª vez

A revisão atesta que é um filme realmente fantástico. Os diálogos não são mais cansativos, pelo contrário, conseguimos aproveitá-los melhor. Não é uma obra-prima de Tarantino e parece que não foi feita para ser. É claro que, continua sendo maior que muita coisa que chamam de obra-prima por aí. Fato é que a filmografia é tão própria que é impossível comparar com qualquer outro diretor, fazendo com que seja possível as equivalências apenas com seus filmes anteriores. E assim, À Prova de Morte torna-se apenas um pouco menor. Bem pouco. O que ele ainda fará para nos surpreender é um dos grandes mistérios do cinema mundial.

Medos Privados em Lugares Públicos
Alain Resnais (PC)

Fiz questão de revê-lo, já que o considerei como um dos melhores do ano passado. Uma história simples e Resnais dá força ao seu filme quase que totalmente através do trabalho da imagem. São pequenos movimentos de câmera, zooms propositalmente desequilibrados, fazendo com que observemos na cena aquilo que ainda não tínhamos percebido. E isso parece caminhar de forma crescente até que ele parece chegar a um limite e insere o elemento irreal da neve dentro de um quarto – aí ele já parece estar dizendo pra gente: quem manda aqui sou eu.

Um Grande Garoto
Chris e Paul Weitz ( TV) 2ª vez

Ver o filme, ler o livro, rever trechos e depois, finalmente, ver o filme inteiro outra vez. Parei numa tarde de sexta e vi inteirinho na TNT, dublado. É, até que fui corajoso. Como não seria a primeira vez, não tinha tanto problema assim. A literatura de Nick Hornby é muito bem retratada e é um desses pequenos grandes filmes sobre as pequenas grandes coisas da vida moderna. Todo homem não é uma ilha.

I’m Not There (PC)
Todd Haynes

Cinema livre…livre. Se pretende-se falar de um personagem in-rotulável, existe melhor forma de retratá-lo do que lançando 06 versões dele mesmo na tela? Com 06 atores diferentes o interpretando (incluindo a bela Cate – foto), em situações diferentes? Um filme onde há todo Bob Dylan; um filme onde não há Bob Dylan algum. “I’m Not There não cabe dentro dele mesmo”.

Kill Bill Vol. 1
Quentin Tarantino (PC) 4ª vez

O que resta dizer dos melhores filmes de sua vida? Que eles melhoram a cada revisão? Acho que é só. Não. Espera: todos os filmes de Tarantino são garantia de que, na revisão, você verá outro filme.

Ricardo Oliveira