Por uma vida um pouco menos ordinária
texto: Daniela Pereira de Carvalho / Direção: Gilberto Gawronski
Sem dúvida uma das coisas mais aguardadas pela galera que vai poder conferir hoje à noite. Ontem, na noite de abertura do festival, rolou uma espécie de premiere. Vale ressaltar que o espaço, sem que nos fosse previamente avisado, foi também utlizado para cerimônias de abertura, homenagens e afins. Muitos atrasos, muitos. Porém, valeu a pena algumas coisas, como ver Zezita Matos sendo homenageada por seu trabalho com atriz. No mais, muita demora.
O espetáculo merece atenção, sim. É bom. Muita gente que tem bom gosto não se agradou e eu até estranhei porque faziam cara de que tinha odiado a parada. Pra alguns (não com você, Arthur), me perguntava qual o referencial de bom teatro que eles tinham. Se as referências são as últimas peças paraibanas, desculpem, mas é bom rever alguns conceitos. A direção é de primeira, e o texto, apesar de vacilar em alguns momentos quase caindo em algum pieguismo (isso existe?) é bem interessante: questiona essa apatia comum na geração de hoje, cheia de niilismo. Aliás, não duvido que essa tenha sido a razão de alguns não gostarem: é um tapinha na cara da maior parte do público que assistiu a peça ontem. Classe média, desapegada de qualquer tipo de esperança que não sejam as materiais e edonistas que construíram devagarzinho.
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Orquestra Sinfônica da Paraíba + Arthur Marques + Arnaldo Antunes
O que dizer do bolero de ravel tocado pela orquestra? Belo. Legal. Mas o que se diz do Marques dançando semi-nu pintado de ouro? Nada. Só isso.
Eu não sou fã do Antunes, não. O cara tem algumas coisinhas legais aqui e ali, especialmente em parcerias. Mas ele cantando é aquela coisa morgada que todo mundo sabe. Será que ele faz aquelas dancinhas pra compensar?
Assim, pra mim, o show de abertura foi apagadinho, apagadinho e eu espero muito mais de outras noites: Céu, BossaCucaNova e Elza Soares vem aí.
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Micão?
Alguém estava fotografando o espetáculo do Dudu Moscovisinhos. Aí, no meio da peça, enquanto tava de cueca e camisa, saiu do ato cênico e foi até a beira do palco:
– Olha, eu queria pedir pra você aí que está batendo foto – e fez isso apontando pra pessoa – parasse agora. Por favor, foi avisado antes de começar e vocês não têm noção de como isso nos atrapalha. Então, por favor!
Aí ele voltou de onde tinha parado.
No fim, na hora dos aplausos de pé, saíram rapidinho, com cara de birra.
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Diazinho ultramegaapressado, então nem vou revisar o texto.
À noite vai rolar o espetáculo, além do início da mostra de filmes. Hoje tem coisas imperdíveis, como já comentei. Incluindo Saliva do Esmir Filho, que passou em Cannes.
Vejo vocês por lá!
Inté.
Ricardo Oliveira
Esse negócio de flash é velho. Mais de quarenta anos atrás, eu estava presente em uma peça com o Paulo Autran e ele fez a mesma coisa. Parou, saiu do personagem e deu uma dura nos caras-de-pau que estavam fotografando. Depois voltou ao ponto onde havia parado. Uma vez, eu estava pregando em uma igreja e um cara ficava tirando fotos com um flash apontado para minha cara… bom, melhor deixar essa história para lá.
A questão do “gostar” ou “não-gostar” é sempre relativa. E, como sabido por qualquer estudante ou crítico de Arte, o “gostar” não é parâmetro para avaliação. “Belo, legal”, com relação a apresentação da Orquestra Sinfônica, é um comentário dispensável. Ruim. Burro. Melhor calar mesmo para o comentário de uma apresentação de dança, matéria de mais difícil apreciação, tanto estética quanto política. Se o “dançar seminú pintado de ouro” incomoda em pleno século XXI(como está implícito), diante de tantas outras questões que podem ser levantadas através da dança, então, realmente… Precisamos de uma Revolução: que tal parar e estudar, mesmo que um pouco? Ou melhor: Ricardo, filho, quem é você?
Goste ou não – “Arte e Comunicação” você PRECISA estudar. E muito (assunto que você desconhece). Mas o que se diz do “Sal & Luz”? “Nada. Só isso”.
Grande abraço e boa sorte.
Arthur Marques – bailarino, coreógrafo e pesquisador de Dança.
E ae Arthur, blz?
Cara, eu estudo sim…não preciso ficar justificando aqui meus estudos a respeito de nada. Como deveria saber, blog é assim, se escolhe falar rapidinho de alguns assuntos e de outros não.
Talvez seja de seu interesse ler a crítica do espetáculo Tempos em Tempos, que também está aqui no blog. Este sim, um texto para talvez gerar alguma discussão mais sólida, já que se propõe a interpretar, analisar e criticar o espetáculo.
Quanto a gostar ou não, como você já disse, é uma questão pessoal. Se meu comentário sobre sua apresentação com a orquestra não agradou, fazer o quê? Questão de gosto, outra vez. Só não considero nada razoável criticar o meu trabalho sem conhecer todo o resto. O que não é o meu caso em relação a você: além de saber que você é um ótimo professor de dança, já assisti os últimos espetáculos que você participou aqui em João Pessoa – e, gostando ou não deles, me interessaram enquanto arte que propõe alguma coisa. Então seria interessante da sua parte conhecer todo o resto antes de receber assim tão mal alguma crítica, mesmo que mais dura.
Abraço
queria ter visto a peça realmente, tentei ir no dia seguinte mas não consegui, depois espero maiores comentários, deve ter sido boa, pelo menos os atores são bem bons né? ;)
sobre a dança eu gostei bastante, na hora até comentava do quanto achei bonito ver a orquestra convidando um dançarino tão bom, e não só o artista, mas a coreografia que dava impressão de ser espontânea, mas mesmo assim muito boa. o fato dele tá pintado de ouro foi totalmente compreensível já que ele representava o sol [obviamente]. enfim gostei bastante. e o show do arnaldo foi lindo! é, ouvi muuuuuita gente com comentários do tipo ‘apagadinho’ ‘morgado’ e afins, mas a orquestra se propõe a fazer um trabalho elaborado, e imagino quão grande foi o trabalho pra fazer todos aqueles arranjos. a gente só tem que apreciar, sempre fui pros concertos e ver a orquestra com o arnaldo foi um presente, a proposta do show não era pra fazer neguinho sair pulando mesmo não, e o arnaldo não faz aquelas coisas só pra levantar o show, já tive oportunidade de ver outros shows e é o estilo dele, cada um tem o seu né? hahha
tiozão dando pirueta, tem gente que acha tosco, brega ou sei lá. eu acho bonitinho, engraçadinho, e perto daquele vozeirão e das músicas que são ótimas, isso é só parte do show.
vishe escrevi muito já. adoro vir aqui ;)
beijo, izadora.
Claro que eu não esperava que um show com a orquestra fosse pra se pular. Se o show do Arnaldo sem orquestra já não é pra isso, imagina com. Hehehe. Aliás, achei o show dele com a orquestra até mais interessante que sem ela. Pq os arranjos ficaram legais, pra tão pouco tempo de ensaio.
Foi apagadinho e morgadinho pra mim, pq é Antunes, nada mais.
Adoro que venha aqui. Apareça mais e comente assim, bem mt.
bj
É muito importante justificar sim, Ricardo, sua experiência, o que, aliás, considero falha em seu blog – falta uma apresentação sua, um “oi, sou fulano…”. Entende-se de onde se baseia e que visão de mundo se tem.
Se as propostas dos blogs são o “eu acho”, digo que EU ACHO um desperdício de tempo interagir.
Prometo que nem leio mais e “desmarco” dos meus favoritos.
Como você mesmo disse certa vez, soa irresponsável – ainda mais, quando é um instrumento que pode vir a encontrar ressonâncias.
E, como diz o ditado popular – “quem muito fala o quer, escuta o que não quer”. Ou – “quem tá na chuva é para se molhar”. Tento levar isso em consideração para que, depois de me colocar em público, eu não precise sofrer do “a voz do povo é a voz de Deus”.
Grande abraço.