Para finalizar a semana, deixo essa postagem especial sobre o espetáculo do grupo Cena 11. Trago algumas citações, links e vídeos para os interessados.
“De modo bem ligeiro, e localizando somente na dança o que se refere a todo e qualquer comportamento, pode-se começar pelo que se ouve falar sem duvidar: que o bailarino se torna um artista quando supera a técnica. A técnica, todavia, não pertence à categoria do superável. Suas regras e restrições, na medida em que ganham familiaridade no corpo que treina, promovem a aquisição de certos padrões de movimento e esses padrões, por estarem em um corpo vivo, também são vivos, ou seja, continuam se modificando ao longo do tempo. Sendo assim, treinar muito, ter muita técnica, vem junto com a liberdade – que deixa de ser entendida como algo que está fora, como um estado a ser alcançado depois da superação da técnica. E mais: essa mesma liberdade, que vai acontecendo junto com o domínio das técnicas, a cada etapa de sua consolidação parcial, é quem opera a possibilidade do processo. Bingo!”
[Crítica de Helena Katz no Estadão, na época da estréia do espetáculo]
Aqui, vídeo com 8 minutos do espetáculo.
Um fato importante, é que Skinnerbox surge do Projeto SKR, como disse o Alejandro Ahmed no podcast. Confira abaixo um vídeo dessa época (2002) quando se elaborava aquilo que veio a ser o espetáculo que assistimos no Fenart.
E um trechinho de um artigo da época:
“Uma das melhores declarações a respeito de “Procedimento 1”, primeira etapa do processo coreográfico em desenvolvimento pelo Grupo Cena 11, veio de uma menina de 7 anos de idade. Shaya escreveu: “o homem no meio do espetáculo vai transformando seu corpo em máquina[1]”. Sem provavelmente nunca ter ouvido falar em mecanicismo, Descartes, Newton, autômato, ou quem sabe Hoffmann, Shaya acertou em cheio. A idéia do homem-máquina, que ganha vigor a partir do século XVII, é uma das principais discussões trazidas ao público pela companhia dirigida por Alejandro Ahmed (1971). Porém, o mais instigante dessa história é descobrir como o Cena 11 sutilmente subverte esse que é um dos discursos mais poderosos a respeito do corpo.”
[Artigo “Sobre a vontade de ultrapassar” de I J Serpentine]
Ricardo Oliveira