Em hiato há um ano, Los Hermanos dão pistas de que podem voltar
Cantor e compositor Marcelo Camelo prepara primeiro disco solo para agosto/setembro. Integrantes não descartam retorno, mas ainda fazem mistério em torno do assunto.
Poucas bandas brasileiras sabem cultivar a aura de mistério ao seu redor como o Los Hermanos. No dia 23 de abril de 2007, depois de lançar quatro álbuns que refletem uma trajetória fora dos padrões na música pop nacional, o grupo anunciou em seu site oficial que entraria em recesso por tempo indeterminado. Nenhuma nota foi emitida à imprensa – apenas a notícia de que o quarteto faria suas últimas apresentações nos dias 7, 8 e 9 de junho na Fundição Progresso, casa de shows na capital carioca com capacidade para cerca de 5 mil pessoas por noite.
O comunicado – direcionado unicamente aos fãs, segundo a banda deixou bem claro na época – dava conta da “necessidade dos integrantes de se dedicarem a outras atividades”. Nenhuma entrevista foi concedida antes ou depois da “miniturnê de despedida”, nem mesmo os fotógrafos tiveram acesso ao fosso destinado a esses profissionais no local dos shows. Procurada pela imprensa, a banda se limitava a dizer que estava tudo bem.
Hoje, um ano depois da data em que o tal recesso passou a vigorar, Marcelo Camelo, Rodrigo Amarante, Bruno Medina e Rodrigo Barba estão envolvidos em projetos diferentes, mas dão pistas de que o Los Hermanos pode voltar a se reunir um dia. Só falta responder a uma questão básica: quando?
“Agora o Marcelo vai lançar disco solo, então vamos esperar mais um tempinho”, diz Amarante. “A gente vai voltar alguma hora, com certeza, só não sei quando”, fala o cantor, compositor e guitarrista, que partiu para a divulgação do primeiro álbum da Orquestra Imperial, “Carnaval só ano que vem”, assim que o grupo se dissolveu.
O músico gravou ainda uma faixa em português, “Rosa”, para o mais recente disco do americano membro da cena apelidada de “freak-folk” Devendra Banhart, “Smokey rolls down thunder canyon”. Na mesma época, compôs uma música para o álbum mais recente da banda portuguesa Os Azeitonas, lançado no fim do ano passado.
“Continuo compondo, sempre. A banda está parada, mas não estou morto, né? Vivo para isso”, diz o ruivo, adiantando que não vai lançar nada em 2008. “Mas tem coisa vindo por aí. Não posso falar para não estragar a surpresa”, despista. “Por enquanto, estou apenas com a Orquestra Imperial, mas podem surgir outras coisas. Eu nunca componho com compromisso. Componho para Deus, que me deu a sorte grande nesta vida.”
Banquinho e violão
Os ventos mudaram de direção, no entanto, assim que Camelo colocou duas músicas inéditas em sua página no MySpace. “Doce solidão”, em que aparece acompanhado de 12 crianças, e a instrumental “Téo e a gaivota”, uma bossa nova com barulho de mar, revelam uma faceta totalmente voltada para o banquinho e o violão. A nova empreitada vai sair em disco entre agosto e setembro deste ano e tem participação de dezenas de artistas, como Dominguinhos, Clara Sverner, Domenico Lancelotti e o grupo paulistano Hurtmold. Uma turnê nacional começará no final de 2008 – as datas devem ser anunciadas em breve.
Em julho, Camelo vai participar de uma homenagem à bossa nova em São Paulo e no Rio de Janeiro ao lado do compositor e pianista João Donato, com participação das cantoras Adriana Calcanhotto, Bebel Gilberto, Fernanda Takai e Roberta Sá, como parte da primeira edição da série de eventos Itaúbrasil.
“Até agora está acontecendo exatamente o que havíamos dito que iria acontecer. Cada um de nós se envolveu com outros parceiros, em outros trabalhos, e era justo o que pretendíamos quando anunciamos o recesso”, analisa Bruno Medina. “A palavra ‘indefinido’ assusta as pessoas, mas se não fosse assim eu nunca me envolveria com um projeto da magnitude do programa que criei, só para citar um exemplo.”
O tecladista está trabalhando em parceria com a produtora Pindorama Filmes para a criação de um novo programa de TV. “Posso dizer que os encontros já estão praticamente todos definidos. Assim que a parte financeira for viabilizada, começaremos a gravar”, diz.
“Algumas idéias só surgem ou se desenvolvem quando possuem espaço para tal. Acho que quando voltarmos será com certeza de um jeito diferente, e isso é a melhor coisa que pode acontecer para a banda. A renovação, em qualquer aspecto, é um processo saudável que deveria ser sempre bem-vindo. Acredito que boa parte dos nossos fãs entendeu que esse hiato será positivo.”
Segundo o músico, os integrantes não se reuniram para discutir um possível retorno. “Ainda não houve nenhuma conversa nesse sentido. Agora em junho está fazendo um ano do último show, e acho que ainda vai levar algum tempo para que retomemos as atividades oficialmente. Nada impede, no entanto, que alguns de nós façamos coisas juntos”, diz. “Claro que agora nos vemos muito menos do que antes, mas nos encontramos em shows, festas, temos muitos amigos em comum e as oportunidades sempre estão surgindo.”
‘Caminhos distintos’
Medina, que atualmente está em turnê com a cantora Adriana Calcanhotto, rebate a teoria que envolve uma possível briga entre Camelo e Amarante. “Não houve ‘racha’ no grupo. Houve um consentimento sobre a idéia de se envolver com outras atividades. Quando o Los Hermanos começou tínhamos pouco mais de 20 anos, e é claro que nesse tempo mudamos muito. Isso, alías, fica evidente para qualquer um que acompanhou nossa carreira até agora”, diz.
“Eu sinceramente imaginava que surgiria um boato mais fantástico, porque essa coisa do Marcelo ser ‘MPB’ e o Rodrigo ‘outras direções’ não é suficiente para sustentar qualquer teoria conspiratória, isso para quem quer acreditar que existe uma verdade oculta. O Marcelo e o Rodrigo têm interesses musicais que vão muito além dessa categorização, e essa sempre foi a característica mais marcante da banda. Seja o que for que se torne público do trabalho deles pós-hiato, o mínimo que se pode esperar é que sejam caminhos bem distintos, como sempre foi.”
Rodrigo Barba, que atualmente está dando aulas de bateria, faz coro. Se os antigos colegas decidissem voltar a se reunir, ele toparia. “Sempre, independente do motivo da reunião. Não brigamos, somos amigos”, reforça o músico, que gravou com Dadi, Latuya e Wander Wildner. Ao vivo, ele acompanha o grupo Canastra, de quem diz ser fã desde o começo.
“Minha história com o Latuya já é antiga. Grav
ei bateria na primeira demo deles, e sempre que podia estava presente. Nessa nova participação gravei o que será o novo disco do grupo, que deve sair ainda este ano, mas já me desliguei de novo da banda.”
“Comecei a fazer participações nos shows do Canastra no início do ano, e desde fevereiro assumi a bateria”, conta. “Estou tocando com músicos de quem sou fã e amigo. Tudo tem sido muito bom.”
Fonte: G1 / Achado no DanielDliver.
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Ricardo Oliveira
acredita que eu descobri
a beleza da poesia de los
hermanos essa semana?
pra vc vê o que a religiosidade
nos faz perder de ouvir…
Também descobri via dLiver, amei as 2 músicas, isso q é qualidade!
Abração Ricardo
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