A paternidade em Penn e Van Sant


Como a discussão é oportuna e o comentário ficou gigante, resolvi postar aqui. Trata-se da minha argumentação sobre os problemas no filme Na Natureza Selvagem em relação aos pais, fazendo contraponto aos filmes de Gus Van Sant.

Três estrelas parecem indicar que eu não gostei tanto assim do filme. Na verdade ele quase merece 4 na minha opinião, porque o considero realmente um filme bonito… sobre uma redenção não-abestalhada.

O problema (e eu nunca falei sobre isso aqui) é que eu tenho dificuldades com filmes que tentam colocar a figura dos pais como culpados de todas as coisas na identidade de um jovem problemático. E não há o que se discutir sobre isso: Sean Penn retrata os pais (realmente figurinhas toscas) como os únicos culpados do filho ser o que é ou ter escolhido o que escolhe (o oposto do que os pais vivem). Eu acho uma postura como essa preocupante já que parece excluir todas as outras possibilidades de referências e “afetações” na cabeça do moleque a partir de suas amizades e etc. O que é ainda mais perigoso: ele mostra como as leituras de bons autores pode ser algo prazeroso e edificante (e são), porém, de um jeito um tantinho arrogante.

Nisso, é exatamente interessante citar Gus Van Sant: esse é um autor que examina a juventude e sempre tomou uma postura que considero no mínimo curiosa em relação aos “pais”: eles não são bons nem maus – porque simplesmente “não existem” nas narrativas desse diretor. Eles estão lá e em em poucos momentos até aparecem – mas são quase fantasmas, almas vagando na casa (não no sentido estético). Em alguns casos como Gerry eles realmente não aparecem e em Last Days é apenas a mãe em uma ligação. Eles não dizem algo bom ou ruim. Porque para Van Sant não importa investigar a paternidade, mas, apenas e nada além, a juventude e seus valores. Se os valores da paternidade são bons ou não isso aparecerá no discurso do jovem. A mãe dos dois garotos assassinos em Elefante só aparece para dar as panquecas; a mãe em Paranoid Park nunca tem seu rosto retratado e o pai surge apenas como uma ferramenta narrativa: é o personagem que proporciona que ele vá para outro lugar.

Apenas observações breves… espero que sejam válidas.

Ricardo Oliveira

4 Replies to “A paternidade em Penn e Van Sant”

  1. Muito pertinente seu comentário, realmente percebi isso no filme e sinceramente o filme caiu em meu conceito por isso.

    O papel dos pais é importante!

    Abraços Ricardo,
    Fique na GRAÇA

  2. De fato há sempre essas justificações na figura dos jovens,apesar de que eu acho que as converssas de quem determina o que ,acaba caindo em cansativas conjecturas.
    Mas repito : o super-vagabundo apesar dele,me fez repensar muitas coisas numa segunda-feira nublada!!!Permaneço com a idéia de que filme é bacana pois enfatiza as relações.
    Curti muitoo seu post!!!

    beijooooo

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