WALL-E (idem)
de Andrew Stanton – 2008
Todos nós já somos um pouco de Wall-E neste mundo presente. A quantidade de lixo que temos de ingerir e compactar é enorme – e tudo que sobra para alguns é realmente construir enormes pilhas suntuosas com tijolos-lixo que se regorgita. Um claro desenvolvimento pessimista (e oportuno, pois com os pés no chão) da idéia de “futuro” velho que encontramos em diversos filmes de ficção científica: agora não vemos mais um contidiano formado por pequenas sobras úteis de anos anteriores. Estamos falando de um mundo onde não há ninguém e tudo é lixo. Aliás, há alguém: Wall-E, o último robô de uma terra de onde os humanos foram embora porque já não suportaram a quantidade de lixo que produziram.
É claramente proposital o fato de Wall-E ser, na verdade, um “humano”. O último deles, obviamente. O paradoxo lançado pelo diretor Andrew Stanton nos deixa perplexos, pois nos deparamos com um filme “infantil” extremamente pessimista quanto ao futuro. O que restou de humanidade na Terra ficou guardada em um robô. Uma “máquina” que diariamente forma cubos de lixo e os empilha de maneira organizada, guardando para sua coleção particular objetos que considera curiosos, bonitos. Seu parceiro na jornada pelo lixão é uma barata, sua diversão é assistir o musical Hello Dolly de 1969 e reparar que trata-se de um filme amor. Sim, o último humano talvez ainda saiba o que é amor.
E do que precisamos para responder à dúvida sobre o amor? Uma sonda espacial com ares de Macintosh. Design atualizado, clean, alta potência e muito charme. Seu nome é Eva e ela veio à terra em busca de vida – e ela encontra Wall-E. Dois robôs poderiam se apaixonar?
Wall-E da Disney/Pixar é um filme de amor, como anuncia constantemente a principal música do filme, retirada do musical que o robozinho sempre assiste. Um filme que nos mostra uma possível visão problemática na relação direta entre máquinas e humanos: nós não nos olhamos mais nos olhos e se for possível, não queremos mais andar ou trocar de roupa, pois dá muito trabalho. Assim, não somos apenas não-humanos, mas, menos humanos que máquinas.
Um dos pouquíssimos problemas do filme encontra-se justamente no segundo ato. Uma ironia, por sinal. A primeira parte, introdutória, nos apresentando o cotidiano do robô curioso, praticamente não tem falas ou diálogos e é extramemente dinâmica, praticamente chapliniana, enquanto o segundo momento (quando surgem diversas falas e inscrições na tela) perde o ritmo, chegando até mesmo a causar um pouco de cansaço. O que é estranho, é que nos cansa graças a montagem que ganha um ritmo acelerado demais, parecendo desnecessário diante do belo tratamento dado na primeira parte.
No mais, me deparei com um problema enquanto fascinado por animações e aspirante a crítico de cinema: com Ratatouille e Wall-E a Pixar me fez repensar a visão que tenho de seus longas. Quem já conversou um pouco comigo sobre estas obras recentes, sabe que não tenho nenhuma simpatia por Procurando Nemo ou Os Incríveis. Mas estas duas últimas produções me deixaram instigado diante do potencial crítico da Pixar diante da cultura atual e, obviamente, da linguagem cinematográfica desenvolvida a partir das modelagens em 3D.
Em um dos trailers do filme, como você pode conferir abaixo, o letreiro diz: “Dos humanos que trouxeram para você Os Incríveis, Carros e Procurando Nemo“. Assim, digo sem medo que Wall-E é um filme de amor não apenas em sua história interna, mas em sua produção: do amor da Pixar pelo cinema e suas novas possibilidades diante da relação direta entre tecnologia, fábulas e a humanidade da arte. Wall-E é um resquício humano dentro de um cinema-máquina atual. Paradoxo. Um belo paradoxo.
Ricardo Oliveira
– Confira o trailer:
wall-e é das animações mais bonitas que eu já vi, sem dúvida. é exatamente tudo isso que foi escrito aqui, um filme de amor. um filme pessimista de amor. esse verdadeiro paradoxo. os meus bocejos não o fazem menos bonito, só fazem da primeira parte mais bonita do que já era. definitivamente preciso olhar mais no olhos.
Meu Deus… Esse filme é muito fofinhoooo! Levei minhas aluninhas pra assitir cmg e na verdade achei q seria so mais um filme de criança [q eu sempre gostei] mas me surpreendi ao ver q nao se “resumia” a um filme infantil! Curti d+! Um filme com poucas falas, um lindo romance inocente e uma pitadinha de Biologia [hehehehe].
Adorei!
By Camila Lima
Cara! Esse filme é lindo, concordei 100% com vc, realmente um filme de amor. Que merece todas as 4 estrelas que vc deu.
Abraços RIcardo,
Fique na GRAÇA!
O filme é fofo! Mas, o que eu acho mais legal nele é a quantidade de sensações que ele nos proporciona em tão pouco tempo. Aquele início é genial!
No mais achei sua análise muito bonita!
E eu só fui me render a animações com Ratatouille! Mas, Wall-e se superou!
abçs
Taty
=)
Oh! Pixar! obrigado por você existir em nossas vidas. Wall-e é o ápice da animação, é aquilo que eu venho esperando no mercado de desenhos animados há muito tempo e já estava quase a entregar os pontos, achando que nuca apareceria ninguém para realizar o meu sonho. O robozinho nada mais faz do que aquilo que nós, seres humanos, deveríamos ter coragem de fazer e temos vergonha ou preguiça. Líndissimo!!!
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Lindo o texto e inspirador, vai me fazer ir de vez ao cinema pra assistir o Wall-e ! Valeu
Sempre serás o novo João Batista de Brito. xD~~
Abç !
paulo
Agora que vi entendi toda sua admiração e paixão pelo filme.Muito boa tua crítica e o filme então,como tô dizendo às pessoas,é de amolecer o coração.Vale ver e rever!
No falando de cinema tá sorteando um bonequinho do Wall-e!
eu já vi qual é, um q tem no ri happy, participa, bobo!
=*
Inara