João Pessoa é carne-de-sol com arroz-de-leite no almoço de sábado e galinha de capoeira com feijão verde e farofa no domingo. É tapioca na Feirinha e sorvete na Friberg em seguida, não necessariamente nesta mesma (des)ordem. É passear naquela calçadinha até o Busto, tomando o sorvete e brigando contra o vento.
João Pessoa é aquela sequência de árvores abanando os carros na av. Epitácio Pessoa. Fazem sombra nas horas de rush que agora temos: engarrafamentos atrasando os almoços de segunda, terça… que irrita os irritáveis e perturba os perturbáveis.
João Pessoa é sentar nas areias de Tambaú e admirar o arco formado pelas pontas de Cabo Branco e Cabedelo: parecem desenhar uma harpa cujas cordas são aquele mar e suas ondas, dedilhadas pelas mãos do Criador – o som que acalma nas noites de lua cheia. É o busto de Tamandaré com os guris e marmanjos jogando futebol americano na areia fofa; a galera fazendo as rodinhas de violão; as banquinhas de DVD pirata e aquele terreno da esquina onde nunca se construiu nada.
João Pessoa é um retão de Manaíra que atravessa shoppings, caminha pela Tancredo Neves e cai nas bocas de Mandacaru, do Padre Zé, do Róger. É ver destes pontos altos o pôr-do-sol do rio Sanhauá e perguntar quando o sol nascerá e transformará estas realidades. Das favelas pessoenses seus moradores apenas assistem o sol se pôr.
João Pessoa é seu centro histórico que mescla antigas igrejas com bares, prédios históricos com boates, ladeiras com cabarés, gente com gente. É aquela vista do Hotel Globo, da Casa da Pólvora, é o trem que atravessa o Varadouro. É sensação de perigo nas redondezas do Theatro Santa Roza, mesmo que logo ao lado esteja a polícia militar e civil. É a av. General Osório e suas lojas de eletrônica, a ladeira do Terceirão, do Rei dos Esportes, da Loja Maçom e das Carmelitas. É o Ponto de Cem Réis e seu Palace Hotel com o Café São Braz. É o velho Cine Municipal, a Música Urbana e uma descida.
Pois João Pessoa é o parque Solon de Lucena e sua Lagoa. É o congestionamento dos ônibus, a superlotação das paradas, as barracas de batata-frita, tapioca, amendoim, churrasquinho e os pedintes. É o prédio da “Mesbla”, os caras oferecendo fotografia 3×4 na hora e a banca Viña Del Mar. São as lendas sobre caminhões de macarrão dentro daquelas águas, os pescadores ao redor, e a história verídica da morte de vários naquele passeio de barco numa semana do exército de décadas atrás.
E logo ali, ao lado, João Pessoa é aquele conjunto de ipês que florescem apenas por um dia e nos dão a chuva inesquecível de pétalas amarelas. Chuva que faz daquele chão o mais belo tapete para toda a gente que há nesta cidade e se permite observar sua beleza. João Pessoa é bela.
Parabéns por seus 423 anos.
RICARDO OLIVEIRA
Fotos: não achei exatamente o nome do fotógrafo, mas acredito que este seja seu flickr. Exceto pela última, dos Ipês, que é minha.
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E pra vocês, o que é João Pessoa?
Poxa, cara, vc descreveu direitinho o q sentimos e vivemos.
emoção.
Uau! Que pelo lindo texto…vc descreveu sensações que realmente só quem mora em João Pessoa sabe…
Poxa…saudade dessa terra que não é minha,mas que me acolheu de braços abertos. Parabéns João Pessoa!
Bjo Ricardo!
ooops, Que lindo texto e não Que “pelo” lindo texto…hehehehe
=P
caraamba, João Pessoa é isso mesmo.
só quem mora aqui ou já morou por um bom tempo…conhece de verdade isso!
lindo texto..parabéns!!
Mto bom o texto mesmo. =]
joão pessoa é o lugar que eu sem ter tido o direito de escolher, se o tivesse tido, reescolheria pra poder morar.
;)
Espero que João Pessoa seja meu lar num futuro próximo.
Mal posso esperar pra entender e sentir na pele essas mesmas percepções e sensações…
=)
Você conseguiu trazer à tona memórias de criança. Parabéns pela crônica! Bela.
;)
Isso me traz uma nostalgia…
Linda crônica, Ricardinho! :D
que saudades da minha terra.
q saudadeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee
Belo texto, mas…
fiquei curioso com o trecho:
'São as lendas sobre caminhões de macarrão dentro daquelas águas'
Como assim? Desonheço essa lenda.
É, Rodrigo. Existe uma lenda de que, certo dia, um caminhão de macarrão caiu na Lagoa e que, supostamente, o fundo dela estaria cheio de pacotes de talharim que cozinham no verão.
Olá Ricado, eu li sua crônica sobre João Pessoa e publiquei no meu site http://www.vidaboa.net/praiaspb.com.br – claro que coloquei a fonte e o autor, se tiver algum problema, por favor me fale que tiro do ar.
Tranquilo, vei. Obrigado pela divulgação.