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Na próxima sexta acontece a abertura oficial dos Jogos Olímpicos de Pequim (ou “Olimpíadas da China”). Como sempre, intrínseco ao próprio discurso do evento de quatro em quatro anos, está a idéia de união das nações e tempos de paz através do esporte. É nessa época que o Iraque pode ganhar dos Estados Unidos, que os países Africanos podem tirar uma com aquelas potências que os massacraram com colonizações.
E outro dia estávamos almoçando, quando ouvíamos na TV que outro terremoto aconteceu na China. Meu pai então soltou um questionamento pessoal na mesa: por que, afinal, escolheram este país como cede para as Olimpiádas? Afinal, eles têm terremotos, estão numa ditadura e apesar da emergência financeira as pessoas ainda vivem muito mal por lá.
Claro que a questão, por ela mesma, precisa ser repensada: nessa lógica nunca teríamos Panamericano no Rio de Janeiro, muito menos Copa do Mundo ou Olimpíadas. Mas, os fatores que levam à pergunta não podem ser deixados de lado. Pois existem coisas pioresqe as citadas.
A China detém hoje o “recorde” mundial de execuções. E o problema é bem mais amplo. Estamos falando de 2.468 mortes em 2001 – divulgadas oficialmente, pois ainda existe a possibilidade de números não divulgados pelo governo. São execuções de penas de morte contra criminosos, realizadas em estádios lotados, no maior estilo idade média.
A Anistia Internacional então se mobilizou para uma campanha de conscientização e luta contra esta realidade. As peças veiculadas não brincam com o assunto e pegam bem pesado. A primeira série trata da tortura e foi produzida pela TBWA\Paris:
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A peça mais recente fala diretamente sobre a pena de morte e foi produzida pela DDB de Budapeste. No texto que está visível o anúncio diz “Parem com o recorde mundial de execuções”:
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A qualidade das peças é inegável, mas muito além disso (e este blog está interessado nesta parte) me fizeram refletir sobre questões éticas (tanto da parte do país, como da Anistia) a partir do tratamento dado no material. De certa forma, por escolherem trabalhar com atores nas fotos, existe o risco de um preconceito de imagem ser gerado onde as peças foram veiculadas. E aqui me refiro quanto a um possível preconceito contra chineses. Mesmo que na campanha seja evidente a idéia de que há mocinhos e vilões, e mesmo que seja claro que as questões de conduta do governo chinês precisam ser revistas, me questiono sobre a possibilidade da campanha gerar preconceitos de longo prazo contra o povo daquele país. Não estou completamente certo disso e quero ouvir vocês. Cadê os amigos publicitários e estudantes de comunicação?
RICARDO OLIVEIRA
fontes: Brainstorm#9 / Veja Online
ricardo, eu penso que não. a figura das execuções
esta ligada, para mim, diretamente aos maiorais
e não ao povo em si.