Minha estreia no JP: Cassavetes

Nesta terça-feira (03) saiu a minha primeira matéria para o Jornal da Paraíba. Estou substituindo o repórter Renato Félix que está de férias e ficarei lá até o fim de março. Os dois primeiros dias já foram bem legais e depois conto mais sobre esta experiência. Meu primeiro texto no caderno Vida & Arte foi sobre o grande cineasta John Cassavetes, o pai do cinema independente americano.

Filmografia de John Cassavetes permanece inédita no Brasil

John Cassavetes (foto abaixo) recebeu da crítica mundial um título que revela dois lados da sua obra: o pai do cinema independente americano é ao mesmo tempo referência de qualidade e desconhecimento. Cassavetes é considerado, junto a Orson Welles (Cidadão Kane), o grande moderno na cinematografia dos Estados Unidos. Mesmo que associemos quase que automaticamente o país ao seu cinema clássico hollywoodiano, o trabalho deste diretor sempre esteve um tanto distante desta realidade.

Seus filmes são de difícil acesso no Brasil, já que nunca foram lançados em DVD. Em 2007 os cinéfilos brasileiros tiveram a oportunidade de assistir em película cinco de suas principais obras: Faces, Sombras, A Morte de um Bookmaker Chinês, Noite de Estréia e Uma Mulher Sob Influência. Este último pode ser considerado o filme que alcançou maior perspectiva além do circuito underground e de festivais. Mesmo sem vitórias, recebeu da Academia de Cinema Americano duas indicações ao Oscar de 1974: melhor diretor, melhor atriz para Gene Rowlands – além de ser escolhido para preservação por ser considerado culturalmente relevante pelo National Film Registry.

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A obra de John Cassavetes sempre tratou do homem comum americano, de suas crises, da falência dos relacionamentos. Mesmo elogiado por sua capacidade como diretor, também atuou nos filmes Os 12 Condenados (Robert Aldrich) e O Bebê de Rosemary, de Roman Polanski. É por essa experiência também em atuação que sempre conseguiu sugar o melhor dos atores de seus filmes. Cassavetes sempre permitiu que no set de filmagem o improviso acontecesse e até ditasse o ritmo das cenas. É emblemática a cena da briga entre o casal à mesa em Faces, na qual os dois conversam naturalmente sobre coisas banais e desenvolvem gradativamente um clima hostil que muda totalmente os rumos do diálogo (foto abaixo). Sua genialidade estava no fato de saber posicionar a câmera diante destas improvisações, das situações inesperadas, trazendo uma dinâmica única à mise-en-scene. O estilo influenciou grandes nomes do cinema atual, em níveis e formas diferentes, como os irmãos Jean-Pierre e Luc Dardenne e o americano Martin Scorcese.

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O cineasta faleceu no dia 3 fevereiro de 1989, deixando um legado de obras que são essenciais para o cinéfilo interessado nesta parcela do cinema dos Estados Unidos que é de grande qualidade, mas pouco conhecida. Para os interessados o custo é alto: lojas especializadas em importação vendem o box americano (legendas apenas em inglês) por quase R$ 600,00.

Ricardo Oliveira