Nelson Pereira dos Santos, diretor do clássico Vidas Secas ministrará palestra no auditório da reitoria da UFPB hoje à noite. O paulista é considerado um dos precursores do Cinema Novo, movimento que foi influenciado pelas tendências europeias do Neo-Realismo Italiano. Seu segundo filme, Rio 40 Graus (1955), é tratado como um dos marcos iniciais deste ideal de cinema.
O evento em comemoração aos 30 anos do Núcleo de Documentação Cinematográfica (Nudoc) exibirá Vidas Secas, de Nelson Pereira, que ministrará palestra na noite que tem entrada franca. Os participantes poderão, ainda, debater com o realizador logo após a exibição, com mediação do pesquisador e documentarista João de Lima. “Nelson é uma unanimidade do cinema nacional, uma representação da convergência entre praticamente toda a classe de cinema do nosso país”, afirma o professor.
No longo histórico do Nudoc estão realizações de cineclubes, cursos de extensão e patrocínio de projetos cinematográficos na Paraíba como o premiado documentário Romance do Vaqueiro
Voador, de Manfredo Caldas. O núcleo continua investindo em eventos que tragam novidades a João Pessoa, sendo esta a primeira vez de Nelson Pereira na capital.
Vidas Secas (1963) é a adaptação para o cinema da obra homônima do autor alagoano Graciliano Ramos. O filme, que recebeu o prêmio OCIC no Festival de Cannes, conta a história de Fabiano e sua família diante da seca no Nordeste. Elogiado por seu realismo gritante e em tom de denúncia, a produção é considerada até hoje como uma das obras mais importantes da cinematografia nacional.
Nelson Pereira também vem à Paraíba participar das filmagens do projeto Retratos Brasileiros, do Canal Brasil. Manfredo Caldas está dirigindo um dos episódios do programa, sobre a obra de Nelson e do paraibano Linduarte Noronha. “A idéia é realizar o encontro entre estes dois marcos do Cinema Novo”, diz Caldas. Linduarte é o diretor do clássico Aruanda (1960), curta-metragem considerado como uma das obras mais importantes do cinema nacional.
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publicado originalmente no Jornal da Paraíba em 12/02/09
Ricardo Oliveira