Sherlock Holmes é um mito e todos os detetives depois do personagem de Arthur Conan Doyle tendem a ser apenas estereótipos. Robert Downey Jr. é canastrão e todos os diretores espertos que vão retratar alguém assim sabem que ele é o melhor nisso. Guy Ritchie, em “Sherlock Holmes”, entende que o lado mulherengo e por vezes desleixado do detetive pode ser muito bem aproveitado através da figura de Downey Jr, na tentativa de aproximar o personagem de um novo público, com mais humor. Somado a isso, Ritchie (que fez sucesso com filmes policiais que são quase comédias, como “Snatch – Porcos e Diamantes”) amadurece seu trabalho e consegue utilizar suas soluções de sempre, agora de maneira mais apropriada. Os efeitos dramáticos a partir de slow motions e repetições de cenas estão bem encaixados na trama – que, por sinal, é elaborada e permeada por uma trilha sonora magnífica. Cansativos, apenas, são os excessos de computação gráfica para retratar a Inglaterra vitoriana: não estão perfeitos e constroem uma fotografia que cansa os olhos. No mais, a diversão nesta ótima releitura do personagem de Conan Doyle nos faz esquecer dos erros e imergir nas saborosas aventuras de Holmes.
Publicado originalmente no guia Cenário Cultural, edição do dia 15 de janeiro de 2010.