Primeiro assista, depois leia.
Não se engane: não é o mundo que está passando devagar em Slow Moscow. O mundo, desta visita a uma Moscow dos dias de hoje, continua acelerado. Parece óbvio, mas não é: na verdade é o cineasta que está em tempo reduzido. Ao menos esse parece ser o efeito desejado. Isso pode ser afirmado a partir da seguinte lógica: Stvolinsky está com a câmera na mão e passeia entre as pessoas, carros, pássaros – fatos – da capital russa. Ele documenta e constrói esse documento posteriormente, na edição. Não há atores ou cenas. Logo, o que temos são pessoas na tele recebendo uma presença, um olhar. A presença de Stvolisnky então, traz os olhares mais óbvios no tom de “por que você está me filmando?”. Estes, na ressignificação que o diretor nos propõe, acabam por se tornar: “por que você está andando assim tão devagar?”. A afirmação final de Stvolinsky é óbvia, mas continua essencial: olhar mais devagar, certamente fará perceber mais beleza.