Desde “Canções de Amor” (2007), o diretor Christophe Honoré tem acanhado os indicadores que o apontaram como subproduto tardio da nouvelle vague – crítica injusta a “Em Paris” (2006), obra-prima de sua ainda recente cinematografia – e erguendo os polegares da crítica com suas realizações, que já o enquadram entre uma das referências da “nova geração do cinema francês” (que, diante da velha, tem uma grande responsabilidade em mãos). “A Bela Junie” (2008) tem tudo o que faz de um Honoré um Honoré: o flerte com a literatura (o próprio diretor é autor de livros infanto-juvenis e foi buscar a raiz da sua história num romance da Madame de Lafayette), com a música (a parceria com Alex Beaupain rende outra cena musical antológica de sua lavra) e com Louis Garrel: o “muso” de Honoré, que faz no filme o que melhor sabe fazer dentro e fora das telas – dilacerar a aorta de mocinhas e provocar os ciúmes de seus pares. Um tratado sobre o afeto, matéria-bruta para as lentes de um delicado cineasta.
Em cartaz no Cine Banguê (Espaço Cultural). 29, 30 e 31 de jan., 18h30 e 20h30.R$6 (inteira) e R$3 (meia).