Vingança (Johnnie To, 2009) | PC
As escolhas de Johnnie To em seus filmes são assustadoras de tão elaboradas. O diretor consegue como poucos, dividí-lo em estágios que terão uma força própria admirável. Cada cena de Vingança, sem exceções, conseguiu trazer a mim o mesmo impacto que tive quando vi pela primeira vez Exilados. Por sinal, estes dois filmes são praticamente idênticos. Tanto Exilados como Vingança mostram basicamente mercenários na ativa. E a cena de alguém ferido sendo levado para a clínica clandestina está lá; a cena das pessoas fugindo dessa clínica também está, tal qual o encontro com o mar, a hora de comer e o seio familiar. Johnnie To sabe o que quer e tem um universo muito bem determinado que deseja expor nas telas. Um universo fascinante.
A Última Noite (Robert Altman, 2006) | DVD
Antes de pensar em escrever esse post, notei que sobre Vingança e A Última Noite, eu diria a mesma coisa: Altman também traz à mostra aqui sua capacidade de desenvolver um universo muito rico de detalhes. Isto, por sinal, é exatamente o que faz de A Última Noite um filme rico e divertido de se ver. Sem sair da superfície (ou seja, sem mostrar nada fora do campo de ação), Altman consegue nos levar cada vez mais próximos da paixão que existe entre esses personagens por aquele programa. Como se não bastasse, ainda nos puxa pelo pé com as interpretações de canções divertidíssimas ou extremamente emocionais. Meu segundo Robert Altman e terminei feliz.
Lunar (Duncan Jones, 2009) | PC
Lunar é praticamente um conto: a dinâmica narrativa e a sequência dos fatos é extremamente sintética, mas com uma carga de extra-campo instigante. Quando terminei de assistir eu tive aquela impressão extremamente passível de falhas: deveria haver mais cinema assim. Notei que existe um excesso de filmes baseados em romances ou baseados na dinâmica mais aprofundada de romances – quando deveriam ser mais contos. Estes, a meu ver (quando muito bem escritos), conseguem mexer muito mais com a imaginação do leitor – porque dizem menos. O cinema de hoje (ou de sempre?) ainda continua a nos entregar tudo pronto. Lunar não é assim: a história de Sam Bell nos cativa e nos leva, o tempo inteiro, a pensar sobre o que veio antes e o que virá depois. E o filme não nos diz muito – e eis seu ponto forte. Foi lançado direto em DVD no Brasil, mas tem um visual digno de ser assistido numa tela bem grande.
Invictus (Clint Eastwood, 2009) | Cinema
É um tanto estranho quando você está vendo o filme de um dos seus diretores preferidos e, de repente em certa cena, você para e pensa: “o que houve com ele, meu Deus?!”. Clint sempre usa roteiro dos outros e não dá para culpá-lo de certos diálogos mais óbvios e, por vezes, piegas assinados por Anthony Peckham (do novo Sherlock Holmes). Mas como se não bastasse, Clint ainda nos pega de surpresa sem o cuidado classudo de sempre. A direção dele está mais óbvia aqui e sem os climas excepcionais de antes. O personagens e a história de certa forma parecem ter mexido mais com o diretor, levando a uma passionalidade ainda mais presente. Entretanto, Clint sempre colocou algo de si em seus filmes e aqui ele parece colocar algo de sua esperança. O que me interessa sem dúvida. Mas saí da sala me perguntando se tio Clint está bem: mesmo que a história tenha certa força própria, ela não chega aos pés do que o diretor costuma fazer geralmente.
Acho que é por isso que não tem nenhum comentário. Relevância
Não entendi do que você está falando. Pode se explicar?