– Divertiu-me bem mais que o primeiro. A sensação é que há bem mais de consistência nas cenas de ação e ritmo para o humor, especialmente no aproveitar ao máximo a relação de espelho que existe entre Tony Stark e Robert Downey Jr. Guy Ritchie também entendeu isso muito bem em Sherlock Holmes. Sempre admirei o trabalho de Downey Jr, especialmente a força que tem no olhar (expressa muito bem seu cinismo, os sustos, certa aflição, como poucos).
– Também me parece bem mais interessante o discurso político do filme, mexendo com a ideia de privatização da paz. O roteiro trata muito bem desta expectativa que há no povo americano quanto à sua segurança, quanto às ameaças “que vem de fora” – quando tudo pode muito bem explodir ali dentro. A cena final, dos sorrisos amarelos, é genial.
– O filme ainda não consegue alcançar a força que poderia quanto à chegada mais presente da noção de herói quadrinesco. Digo isso porque toda a estética do Homem de Ferro, em relação ao seu heroísmo, baseia-se em tecnologia e não no sobrenatural. Logo, o glamour das roupas, dos acessórios, é todo bastante crível, verossímel, real. Os figurinos da Viúva Negra (Johanson estonteante, especialmente nas cenas de escritório) e Nick Fury (um Samuel L. Jackson dos velhos tempos) destoam um pouco do clima geral do filme. Penso que isso o afeta um pouco e causa estranhamento; gera um tanto de ruído.
– No mais, falta mais carisma (para o bem ou para o mal, dentro da história) nos personagens de Mickey Rourke e Don Cheadle. Rourke passa e, exceto por sua primeira cena de ação, termina meio apagado. Essa coisa de sotaque russo não convence. Já Cheadle tem muito potencial pouco explorado, que cresce um pouco mais no final.
– O diretor e ator Jon Favreau obviamente quis presentear a todos os marmanjos com aquela cena da Johanson no carro. A gente agradece.
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HOMEM DE FERRO 2, de Jon Favreau
Visto na sala 5 do Box Cinemas, com uma projeção maravilhosa.
Cinismo se escreve com C, dá uma consertada aê!
E o texto está ótimo.
Valeu!