Minha relação com os cariocas do Los Hermanos é uma tanto diferente do habitual. Sou fã de saber a letra das suas 25~30 músicas que fazem rodízio pelos DVDs e shows, mas isso aconteceu com certo atraso. Foi apenas nos idos de 2005, 2006, que eu descobri a banda, sendo conquistado pelo álbum “4”. Conhecendo apenas o básico do básico da jornada anterior, o álbum me pegou de jeito, fazendo com que partisse com velocidade atrás dos três precedentes e ficasse ainda mais surpreso. Desse modo, antes da última sexta-feira, tinha ido apenas ao último show deles em João Pessoa, aquele gratuito no Busto de Tamandaré, na turnê do álbum que me cativou.
Foi então que, nos últimos quatro anos, o Los Hermanos se tornou minha banda nacional preferida. Meu last.fm me denuncia: eles estão no 1º lugar das mais tocadas, com quase o dobro do 2º lugar. E foi com essa empolgação que eu garanti meu ingresso assim que começaram as vendas e a contagem regressiva estava apenas começando.
Vê-los ao vivo, tocando todos os grandes hits, era de uma expectativa sem tamanho. Considere, então, que se tratava de vê-los num palco neste limbo que a banda entrou, deixando os fãs às cegas sobre novas composições em conjunto. Seria um dia histórico, mesmo se fosse ruim, e não foi. Diante do que eu vi nesta sexta-feira, pouco importa que o som parou 2 vezes, que as filas eram gigantes, e que próximo do palco haviam 14 mil pessoas se apertando onde só cabiam 8 mil confortáveis. Isso só as que estavam muito perto do palco…
Assisti o show lá de trás, tentando fugir das fumaças aleatórias que agravavam uma crise de rinite que veio no dia. Mas foi garantia de situações curiosas. Ao som de uma das maiores roedeiras do Los Hermanos, “A Outra”, que eu estava só lá trás, cantando e observando: do meu lado esquerdo havia um casal claramente discutindo a relação ao som da trilha sonora ao vivo. Eles dois estavam sérios, se encarando e denunciando a todos o que viviam ali – parecia cena de Apenas o Fim. Como se não bastasse, do meu lado direito havia a mesma situação, só que com dedos apontados na cara, berros e aquele drama todo. Seria apenas trágico se, exatamente entre os dois casais, ou seja, na minha frente, não existisse um outro par, dançando a mesma música com sua levada de bolero brega repaginado. Eu estava ali, assistindo cena a cena, ironicamente, a situação vivida com soundtrack em tempo real.
Los Hermanos tornou-se pop com seu lirismo que, por falta de renovação, vai se tornando bobinho. Não me entendam mal, canto todas as músicas junto à banda. Mas por ter parado no “4”, músicas como “Além do que se vê”, “Cara estranho” ou mesmo “Todo Carnaval Tem Seu Fim”, terminam por entrar já bastante saturadas no setlist. Sem elas, porém, fãs sairiam enfurecidos e as comparações com fãs do Restart seriam ainda mais frequentes.
A população de fãs enlouquecidos era maioria por lá, fazendo a própria banda ficar encantada com aquele coro gigantesco que superava as vozes de Camelo e Amarante. Eles dois se divertiam no palco e, como disse o amigo Bruno, eles são muito bons ao vivo. Quando estão num ambiente que não os pressiona por questões comparativas (Radiohead, SWU…), se soltam, interagem mais e sabem segurar o público mesmo com as falhas graves no som.
Os quatro rapazes já deram a entender, por questões de novos projetos e até separações geográficas, que um novo trabalho é algo bastante improvável por agora. Com tamanho carisma conquistado e entrosamento no palco, só nos resta esperar o contrário. Afinal, eles continuam sendo – eis a frase final para levar porradas e flores – a melhor banda nacional desta década.
A minha preferida, junto a “Último Romance”.