Assisti hoje o meu primeiro Akira Kurosawa, fora de qualquer tipo de indicação inicial. Comecei por Yojimbo porque foi o primeiro a ser disponibilizado por aí pra baixar em 1080p, puxado da coleção da Criterion, fiel ao cinema do japonês. Acabou que assisti, sem saber, ao filme que teria dado origem à trilogia do homem sem nome, de Sérgio Leone. Se diz que Leone fez Por um Punhado de Dólares, inspirado em Yojimbo. Fato é que, como eu também não assisti à trilogia do italiano e estava curioso para fazer isso, tenho agora motivação maior. Isso porque Yojimbo, além de um grande filme, é uma pérola que restaurada nesta edição da Criterion é uma delícia de ver, devido à nitidez de imagem e som.
Kurosawa tem uma habilidade ímpar em formar seus planos e o que acontece em cena para resultados específicos. Pegou a brincadeira de planos sem divisão de profundidade de campo de Cidadão Kane, e deu outro caminho (veja na primeira imagem acima). Ele os utiliza para gerar tensões ou, em outros casos, para dar plasticidade a uma cena em que todas as expressões precisam ser observadas numa tacada só. Coisa de mestre. As cenas de luta então… o Tarantino de Kill Bill aprendeu com ele.
Que venha mais Kurosawa e, também, Leone.
Aliás, este é o filme que eu me “devia” há tempos por ter lido Veríssimo elogiando sua cena inicial, em texto já replicado aqui no blog. Veríssimo, por sinal, descreve a cena de forma equivocada, mas a gente perdoa.