Spoiler alert: não leia o texto se você não viu o filme.
Tudo se resume à beleza contida na última cena do filme, conduzida dignamente pelo desconhecido Rupert Wyatt. Depois da rebelião vitoriosa de Ceasar e seu time, Will Rodman vai em busca do símio na floresta de secóias. É atacado por um guardião do líder, que leva um safanão do próprio Ceasar, em defesa do cientista. Ao chão, Will recebe a mão estendida do primata para erguê-lo. É na troca de planos, quando o cientista se levanta, que temos um entendimento do que a história nos propõe. Ceasar tem a altura de Will, não necessariamente por ter crescido, mas por ter se erguido (“rise”).
Se “inversão de papéis” sempre foi um mote fortíssimo da série, agora esse tom fica um pouco menos presente para dar espaço a um ritual de passagem inesperado; se o filme muda de protagonista a partir do 2º ato, é porque quer que no momento em que Ceasar diz, murmurando ao ouvido de Will, “Ceaser is home”, nós tenhamos certeza absoluta que concordamos com ele; se Will realmente se considera o pai de Ceasar, ele não fez nada mais certo do que concordar sem tremer e deixar seu filho criar asas. É exatamente por isso que, por fim, o símio sobe até o ponto mais alto, da mais alta secóia e observa a cidade, com postura humana, com olhar reflexivo humano e parecendo entender tudo sobre humanidade.