Não bastando apenas o delicioso humor nonsense que passa por praticamente todas as gags de “Piratas Pirados”, o filme ainda tem uma história no mesmo rumo. Se a exibição na sala 1 do Cinespaço não tivesse sido tão ruim no quesito sonoro, talvez o filme crescesse um pouco mais no meu gosto. O som estava muito baixo. Cheguei a ir pedir ao projecionista que aumentasse o volume e mesmo assim não foi resolvido – o que afeta bastante a experiência.
Praticamente todo o humor realmente gira em torno do inesperado, seguindo a escola cômica inglesa, obviamente. Isso gera crianças sonolentas e pais frustrados, sem dúvida. Fica a pergunta: o marketing do cinema de animação vai girar pra sempre em torno do público infantil até quando não se deve? Até mesmo os trailers que passam antes da sessão indicam que há um segmento das animações que não é feito para os pequenos: “Paranorm” e “Hotel Transilvânia” são temáticas dark pra uma criança curtir. “Piratas Pirados” constrói linhas de raciocínio que dificilmente crianças entenderão e toda sua “mise-en-scene” foge ao padrão frenético que pode animar sensivelmente a gurizada. Não os menosprezo, mas a gente sente a vibração de uma sala cheia de crianças e não os ouve rindo nas tiradas mais hilárias do filme.
Mesmo com seu enredo frouxo no todo, o filme tem algum fôlego até para críticas políticas. A crise mundial parece estar presente no momento em que o Capitão Pirata tenta assaltar vários navios, mas nenhum deles tem algum ouro que o ajude. A rainha britânica ganha cara de macaco no barco de Charles Darwin, personagem inusitado que surge na trama. O gostinho de “queremos mais disso” fica por ali e cresce a vontade de assistir o original, com Hugh Grant dublando o protagonista. Quero rever.