Nessas dicas de Facebook, aleatórias, de um cotidiano-NewsFeed, fui bater num texto do fim do ano passado n’O Globo. É uma reportagem bela, de dar nó na garganta.
Livros com dedicatórias, lembranças das vidas que os tomaram por prateleira e depois se desfizeram; ou a ligação foi desfeita. A grana encurta, as coisas terminam, a morte aparece. E os livros, com os recados entre amigos, ficam. Não dá pra apagar. E terminam em novas prateleiras, dos sebos.
As histórias, que ficam e existem por causa dos livros, passam a ressignificar nas mãos de quem as desconhece. Só os livreiros e colecionadores se importam. Tem até caixinha pra guardar os ingressos de cinema, contas, cheques, flores, usados para marcar páginas.
A reportagem não julga, mas fica nas entrelinhas a dor que é ver gente se desfazendo de livros foram comprados e dedicados a elas. Parece, tantas vezes, que dar um livro é mais importante pra quem dá do que para o que recebe. Mas não é sempre. Como disse, às vezes a morte chega e as bibliotecas são desfeitas, leiloadas, passadas a frente. E as histórias, os bilhetinhos, as dedicatórias vão junto.
Por fim, parece uma reportagem sobre um orfanato, um cemitério. De certa forma, é isso mesmo que os sebos são. Uma espécie de purgatório literário, para onde os livros vão e esperam seu julgamento. Junto a tudo que respiraram, às traças que conviveram, o bolor que os tomou, ressuscitam na cabeceira de alguém que se importa de novo.
A dica da reportagem foi do colega Cadu Vieira, que é jornalista formado em letras.
Vi essa reportagem também e não tem como não se emocionar com as histórias contadas e pensar sobre o assunto. Muito bonita, bem estruturada e legal de se ler, até salvei no pc para a minha posteridade.