Vai ser difícil encarar o claro posicionamento sarcástico ou debochado que este artigo vai desencadear, mas precisa ser dita a verdade: minha namorada, noiva e futura esposa é uma gamer melhor do que eu.
Estamos chegando a 1 ano e seis meses juntos, a menos de 4 meses do nosso casamento, e ela só me surpreende. Todo dia é uma descoberta nova que apenas agora está sendo revelada a ela, ao mundo.
_ Rayssa, você joga melhor que eu.
Ela vai dar sua risada debochada e dizer “é, meu amigo…”, enquanto balança os braços com as palmas das mãos estendidas para frente.
Vai lembrar de todas as vezes em que, depois de me mostrar o quão bem foi em Two Dots, eu fiquei na minha, nada mostrei. Ri nervoso, tentei disfarçar o fato de que estava muito atrás.
Jogamos 3 partidas. Ela, que nunca havia jogado antes, ganhou todas. Todas.Dia desses baixei uma versão nova do clássico Worms. Mesmo sendo apenas 1 ano mais nova e tendo jogado bastante clássicos como Doom, ela simplesmente não conhecia o antológico jogo de minhocas guerrilheiras. Isso tudo só piora, claro. E ainda que eu confesse que nunca fui um jogador habilidoso de Worms, pouco muda. Ao contrário de alguns que jogavam online, não sei fazer malabarismos com a corda-ninja.
Jogamos 3 partidas. Ela, que nunca havia jogado antes, ganhou todas. Todas. Na frente dela eu não podia admitir que era humilhante:
_ Gostei do uso do vento a seu favor nesse tiro de bazuca – com uma cara de monóculo e coçando a barba.
A trucidação continuava até que eu comecei a entender a essência de tudo. A princípio, pareceu que o principal fator era dispersão. Enquanto eu gastava muito tempo testando novos jogos, tanto pela coluna no jornal, como pelo simples vício em novidade, ela investia mais tempo jogando apenas alguns poucos. Isso, sem contar ainda o que jogo no PC e no PS3.
Mas, não. Era apenas uma questão de ponto de vista: o principal é a dedicação. Enquanto ela estava atenta a conseguir passar de alguma fase trabalhosa, ou bater um novo record no Timberman, lá estava eu, exaustivamente dedicado em entender como ela conseguia fazer tudo aquilo.
Deveria estar jogando.
Poxa, nunca pensei que tantas horas dedicadas a Crash Bandicoot e Tomb Raider levariam Rayssa a esse patamar! Eu ajudei a criar um monstro… e você cunhado: “só lamento”!! Ainda vai levar muitas surras!!!