Uma história que eu conto com alguma frequência para amigos mais próximos é que não entendo muito como fui parar no mundo da tecnologia. E “não entender muito” quer dizer “não entender totalmente”, porque na verdade eu entendo, sim. Em parte, claro.
O ponto é que ainda que eu tenha descoberto videogames e computadores antes do cinema, eu passei a maior parte da minha adolescência e juventude estudantil sendo um cinéfilo. Eu assistia filmes, lia sobre filmes e fazia meus filminhos. Publicava no YouTube e um deles tem mais de 80 mil views (é antigo, feito com uma câmera amadora, foi feito para um concurso e você deve considerar isso antes de assistir).
A lógica dizia que eu terminaria o curso de jornalismo produzindo um documentário ou curta de ficção. Fazia todo sentido.
Mas eu também tinha um blog desde os 14 anos de idade e escrevia sobre cinema nele. Eu fazia vídeos para internet, assim como podcasts e o que mais aparecesse na minha frente. Havia ali, claramente, o tal espírito maker que hoje toma a minha geração, assim como os mais novos.
A gente cria e gosta de produzir. E enquanto produzia e experimentava mídias, eu acabei imergindo muito mais no estudo de tudo isso, na reflexão e na pesquisa. Terminei a graduação estudando convergência de mídias e não cinema; o trabalho virou livro e não um filme; entrei para um mestrado para esticar a pesquisa e não num curso de extensão de cinematografia ou roteiro.
Mas eu nunca parei de produzir vídeo, de ter ideias para curtas e isso nunca me deixou. Tal qual a cinefilia.
Eu queria produzir conteúdo e produzi mais coisas do que os amigos costumam entender ou aguentar. A pergunta “como tu faz tanta coisa?” ficou mais frequente do que eu gostaria. A certa altura do campeonato, eu comecei a fazer menos, por estar fazendo demais.
Não me arrependo nem um segundo dessa jornada. Adoro a ideia de que ela formou meus desejos, propósitos e estilo de vida. Tortuosa, megalomaníaca, ansiosa, criativa e inspiradora, ela me ajudou a entender que eu quero, mesmo, compartilhar histórias que me inspiram.
Já fiz isso em posts de blog, podcasts, trabalhos para empresas, desenhos, fotografias e ainda que tenha feito dezenas de vídeos em diferentes ocasiões, fiz muito menos deles do que gostaria.
Esse vlog abaixo, mais do que ser sobre saudade e livrarias de aeroporto, é um tanto sobre isso. É sobre voltar a fazer vídeos; é sobre fazer vídeos. Em diferentes formas, isso é o que sou. E esses vídeos , vejam só, serão vlogs. Mas vlogs do meu jeito. E vlogs do meu jeito têm que servir para alguma coisa – com direito a histórias, viagens e cultura pop.
Ricardo Oliveira