Future Nostalgia: ou a volta de um blog quando ninguém fala deles

A quarentena tem efeitos diversos em cada universo particular. Em um nostálgico por natureza, uma avalanche de momentos retrô na rotina.

Um deles foi voltar a jogar jogos antigos. Faço isso sazonalmente, porque ainda acho que ninguém conseguiu superar a trilogia Donkey Kong Country do Super Nintendo em jogos de aventura. Dessa vez, me dei de presente o que queria há tempos: um joystick bluetooth, que conectei na MiBox, instalei uns emuladores e pronto.

Dei um salto no que tinha feito até aqui: fazer as coisas no conforto do sofá é outro nível, especialmente sem precisar ligar o PC na TV e ficar no vai e vem de trocar os jogos. Num dispositivo Android TV a coisa fica com mais cara de console (saudades, PS4). Coisa de gente que gosta de velharia digital, sabe como é.

Escrevo dessa nostalgia ao som de outra: o fantástico novo disco da britânica Dua Lipa. Future Nostalgia pousa no Spotify com o peso de quem acerta no segundo álbum. Não é muita gente, vale lembrar. Não é todo perfeito, mas os acertos em “Future Nostalgia”, “Cool”, “Physical” e “Hallucinate” são tão grandes que não deixam as mais fracas destoar. Agora, “Don’t Start Now” tem outro encaixe – soa ainda mais certeira.

“I know you’ll die trying to figure me out
My name’s on the tip of your tongue,
keep runnin your mouth
You want the recipe but can’t handle
my sound, my sound, my sound”
(refrão de Future Nostalgia)

Como não escrevia aqui em 2017 quando saiu o seu primeiro disco, é preciso registrar o quanto eu gosto de Dua Lipa. E tem uma razão específica que parece ser a mesma para agradar a músicos em geral: ainda que claramente soe como um álbum produzido com bastante interface digital (como é o pop de hoje, majoritariamente produzido musicalmente por uma só pessoa diante de um super PC), as músicas da britânica tem uma pegada orgânica única. Tem instrumentos ali. Principalmente excelentes linhas de baixo – o que não quer dizer, mais uma vez, que não sejam produzidas digitalmente (o que nunca foi um problema para o Daft Punk, por exemplo) Porém, ao contrário de inúmeras outras cantoras pop de hits dançantes, Dua Lipa consegue ter uma banda ao vivo, algo que foi bem desenvolvido também por Timberlake (saudades 20/20) e Weeknd. E é bom demais:



O blog de volta, no entanto, é sem muita pretensão.

Blogs já não são assunto nas mídias sociais enquanto plataformas – deixaram de ser uma plataforma de visitas espontâneas, perdendo espaço para o YouTube e Instagram. O que não quer dizer que morreram, claro. Estão vivos nos grandes portais e os investimentos do UOL, por exemplo, seguem gigantes. Chamadas de Maurício Stycer ou até Chico Barney (segue rei) já foram destaques principais na capa do portal. Blogs têm peso – no contexto certo.

Mas o Diversitá não volta porque quer peso. Volta porque eu preciso.

Desde 2000, 2018 e 2019 foram os únicos anos em que eu parei de escrever periodicamente por vontade própria. Ainda que tenha contribuído com artigos aqui ou ali, até o Catavento* deu seu break, então fiquei sem casa. As atenções estavam praticamente 100% em manter o Dois Cafés de pé – o que não é tarefa fácil, diga-se de passagem. Fiquei totalmente sem projetos próprios/paralelos de conteúdo nos últimos dois anos, o que teve seus prós e contras.

No fim das contas, a coisa mais importante é escrever porque sim, mas a segunda coisa mais importante é trocar ideia com alguém que lê. Então, deixe seu alô e vamos voltar a conversar – como sempre, sobre um pouco de tudo.

8 Replies to “Future Nostalgia: ou a volta de um blog quando ninguém fala deles”

      1. Estou em Zurique, working from home desde que a quarentena começou.

        All work and no play is making me a dull boy.

        Como estão as coisas por aí?

        1. q massa, vei. pra mim tu ainda tava em san francisco.
          na mesma, cara. comecei uma empresa de marketing de conteúdo há 4 anos e também estamos todos em home office.
          voltar a blogar está sendo o alívio pra não surtar feito Jack.

  1. Uai gente… que isso aqui no meu e-mail? Já é um daqueles itens que vão entrar na lista de coisas boas que a COVID-19 trouxe ao mundo?

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