Por que colecionar filmes em mídia física na era do streaming?
A resposta de um bom colecionador, orgulhoso da sua coleção, com certeza pode começar com “por que não?”.
Mas a situação é mais complexa: essa é uma geração que, desde a virada para mídias digitais nos anos 1990, vive processos de substituição constantes.
Do VHS para o DVD, do vinil e k7 para o CD, do DVD para o Blu-ray, da foto em filme para digital e etc. Tudo muda para melhor, certo?
Nem sempre.
Porque nessas substituições, uma em específico foi mais cruel com quem tem apego à mídia física, porque ao invés de evoluir para um novo produto material, ele se diluiu na nuvem: o streaming é um caminho irreversível.
A questão é que no melhor dos cenários de qualidade de imagem e som de qualquer plataforma de filmes por assinatura, o streaming sempre perde para o Blu-ray.
Netflix até tem extras de um filme, mas nunca passa de um minidoc de meia-hora. Nem juntando entrevistas publicadas no YouTube esse número cresce muito.
Em compactação de som e imagem, chegaremos ao ponto em que vai se tornar totalmente imperceptível a diferença entre um filme na Disney+ ou em Blu-ray.
Mas tem um fator que, no universo dos filmes e séries em streaming, define toda essa discussão: disponibilidade.
Se você assina qualquer serviço digital, sabe que os filmes e séries vêm e vão. Tem até aviso de que aquele filme que você quer assistir sairá do catálogo no fim do mês.
Agora imagina se teu interfone toca e o porteiro avisa:
– Sr. Ricardo, o pessoal chegou pra levar embora os filmes desse mês, posso mandar subir?
Não, né?
Eu comprei meu primeiro DVD com 50 reais que ganhei de aniversário aos 16 anos. Fui ao shopping, peguei Minority Report por 35,00 e ainda fui ver algum filme no cinema. Algumas centenas de itens depois, eu tenho garantida em minha coleção a autonomia diante dos contratos entre plataformas e distribuidoras.
Hoje, colecionar filmes é um ato bem parecido com o ressurgimento do vinil. O mercado passou a responder bem a movimentos tocados por hubs como o Blog do Jotacê. E um passeio por seus conteúdos deixa claro que isso não vai acabar tão cedo. Se depender de mim, não vai nunca.
+1 para cópias físicas. Eu até assino vários serviços de streaming, mas ainda prefiro ter as cópias física do que eu realmente gosto.
Não tem o perigo de não perder quando sair do catálogo, tem certos conteúdos que ficam melhores quando não tem a compactação do streaming, por mais avançadas que estejam ultimamente. Tem o fator “ter uma cópia física porque eu gosto de colecionar coisas e apoiar os artistas”. Até CD de música eu continuo comprando em 2021.
Espero que esse mercado não desapareça nessa onda de oferecer tudo “como um serviço”. E é sempre bom ver mais gente apoiando.
Se depender das lojas e distribuidoras que estão pegando o reaquecimento do mercado, não vai parar tão cedo dessa vez. A galera tá empolgada.