Hora do fim?

Ou será a hora da reinvenção? Eis a grande discussão que impera na minha cabeça e na sala de aula desde que comecei a cursar Publicidade e Propaganda, afinal é muito debatida a questão da necessidade e da honestidade da tão famosa comunicação-persuasiva-voltada-para-o-consumo. Acho que todo publicitário passa por um momento de crise, no qual ele se pergunta até onde ele iria pra alcançar o público alvo, o que ele comunicaria e se passaria por cima de algum valor ético pessoal mesmo que achasse que aquele produto nunca deveria ter existido.

Enquanto eu obedeço a genialidade do planejamento de marketing e confeito o bolo pra fazer todo mundo ter água na boca, mesmo que não fique tão gostoso assim, esqueço que eu também no final das contas vou acabar provando o bolo. Nesse mundo não há saída. Aqui se vende, aqui se compra. Falo isso tudo por ter lido sobre os resultados do Roper Reports, um produto da Gfk Metris nas áreas de estratégia de marca e dos estilos de vida dos consumidores (nós).

Descobriram com essa pesquisa que cerca de 81% dos portugueses evitam ver ou ouvir publicidade. Fizeram a observação de que a maioria evita os anúncios, o que prova que as pessoas estão cansadas da publicidade e da forma como ela tem sido feita. Positivamente isso se dá pela preocupação que os cidadãos daquele lado do planeta têm com a economia, desemprego, inflação e preços elevados. Confesso que é mais fácil ser publicitária aqui, do que na Europa. Lá elas andam questionando tudo, o que deixa meu trabalho muito mais difícil, digo, desafiador.

Na verdade eles estão mais do que certos e por causa dessa descoberta, percebi que enquanto dou o melhor de mim nos meus trabalhos e pesquisas acadêmicas, ando também me cansando um pouco desse lado negro da persuasão, como alguns colegas que cursam Psicologia chamam.
Enquanto eu me esforço pra me tornar uma grande publicitária, correndo atrás das grandes contas nacionais, meu país está se afogando num consumismo desenfreado sem sentido e sem piedade dos que consomem sem poder, dos que compram sem precisar, dos que são o que não deveriam ser. Não querendo ser apocalíptica, mas já sendo, lembrei que minha mãe me disse quando eu entrei na faculdade e me empolguei demais com a grade curricular, dizendo que eu poderia usar todas as ferramentas que eu tivesse pra algo bom.
Que eu não venda só produtos que estão no supermercado ou nas grandes lojas do shopping da cidade, mas que eu também venda boas idéias ou opções melhores, seja lá quais forem. Dá pra vender humor, vivência, conselhos. Não sei se devo pensar nisso tudo agora, se estou sendo imatura em pleno 4º período, e digo que eu amo estudar o que estudo, mas não a fim de enfeitar bolo de massa ruim. Pra mim não é o fim, mas a preocupação é válida.
Manoella Mariano

2 Replies to “Hora do fim?”

  1. Sua preocupação é 100! válida e correta! Espero que use bem seus estudos =)

    beijão Manoella
    Fique na Graça

  2. Ei Manoella!
    Estou cursando Publicidade também, só que a distância. Tenho gostado muito do curso e vivendo esse seu dilema.

    Chegamos numa época em que a “publicidade tradicional” precisa ser repensada.

    E pensando nisso estive lendo muito sobre Marketing de Guerrilha ultimamente, um jeito criativo, ousado, direto e de baixo custo de se fazer publicidade.

    E acredite: em alguns casos o resultado tem sido excelente.

    Bons estudos, partner!

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