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Eles dois já estão juntos há algumas semanas. Ele olha pra ela e revela seu interesse em abrir o próprio negócio, mas não tem dinheiro pra isso. Ela, vendedora de trecos no eBay, sugere que seus actions figures valeriam mais de mil dólares cada. Ele, empolgado em agradá-la, afirma que é uma grande ideia – vendê-los renderia mais de uma centena de milhares de dólares. Eles concordam e fica decidido.
Cenas depois, o acerto se confirma e passa a ser um resumo de mestre sobre o que, na vida de Andy, é realmente a passagem da adolescência para a vida adulta (mesmo que ele já tenha 40 anos): ele está em sua casa, embalando seus herois, suas referências, seus únicos amigos que desde a infância o acompanham. Embala um a um com plástico de bolha, com o cuidado metódico que é evidente desde o início do filme. Ele para por um instante, segura um deles, o examina e resolve fazer exceção apenas sobre este – não o venderá. A passagem para a vida adulta acaba ficando marcada pela decisão que, inevitavelmente, trará consequências em cenas futuras: ele ainda não é totalmente um adulto até que entenda a dinâmica das relações humanas – especialmente as amorosas.
Este post faz parte da série “Teoria dos Objetos Inanimados”, baseada na premissa iniciada por Paul Auster em seu livro “Homem no Escuro”. Leia outras análises a partir da teoria.
Ricardo Oliveira
2 Replies to “O Virgem de 40 Anos (Judd Apattow, 2005)”