[Cinema] Veja a lista dos 20 filmes favoritos de 2009 segundo Ricardo Oliveira

Um ano de poucos filmes que nos tiram do chão, mas de obras de grandes diretores – muitos deles preferidos como Tarantino, Van Sant e Eastwood. Fico feliz de poder trazer à lista ao menos três filmes nacionais que muito me agradaram. Amanhã trago pra vocês, só pra descontrair, a lista dos filmes que mais detestei esse ano. Se der tempo, também posto os melhores da década. Serão 50, então não vamos contar com um post tão organizado como esse. Feliz 2010 pra todo mundo.

20 FILMES FAVORITOS DE 2009:

Caetano Veloso em "Coração Vagabundo"

20. Coração Vagabundo (Fernando Grostein Andrade)

O ano de 2009 foi uma explosão de documentários musicais. Deles, vi apenas Herbert de Perto e esta pequena grande obra de Grostein Andrade. Acerta em cheio em não tentar revelar Caetano, mas de acompanhá-lo durante um pequeno intervalo de tempo e deixar que fale. O real fala por si mesmo e esse real, em Coração Vagabundo, é cheio de poesia e ousadia; é Caetano e nem precisa ser fã do cantor para gostar do filme.

Selton Mello e Vanessa Giácomo em "Jean Charles"

19. Jean Charles  (Henrique Goldsman)

Com uma história nas mãos perfeita para fazer um filme de “vítimas” do 1º mundo, cheio de clichês novelísticos, posturas piegas e afins, Goldsman consegue uma narrativa cativante. Mesmo que não esteja numa das melhores atuações, Selton Mello continua carismático e o diretor sabe como aproveitar bem isso, sem fazer do seu personagem um mártir para emocionar grandes massas. Um filme importante que será esquecido?

Brad Pitt digitalmente transformado em "O Curioso Caso de Benjamim Button"

18. O Curioso Caso de Benjamim Button

Um filme que reafirma, junto a Zodíaco, anova fase de Fincher é inconstante e às vezes frio demais. Ainda assim é uma das obras mais interessantes no uso de recursos digitais e é, sem dúvida, uma metáfora e tanto sobre a vida.

Glória Pires e seus cigarros em "É Proibido Fumar"

17. É Proibido Fumar (Anna Muylaert)

O acerto de Muylaert, como bem nos lembrou  Inácio Araújo, é permanecer na superfície. Não interessa a ela aprofundar, com recursos para além da situação, a personalidade dos seus personagens. O que eles desejam, o que são, o que pretendem, vem à tona nesse cotidiano sempre prestes a explodir retratado em cada plano com destreza melhor que em Durval Discos.

Há Tanto Tempo que Te Amo

16. Há Tanto Tempo que Te Amo (Phelipe Caddel)

O filme de estreia de Caddel tem uma trilha sonora que, de tanto repetir, se torna irritante. Sem esse excesso, Há Tanto Tempo que Te Amo é o retrato doloroso e sincero de um retorno ao lar. À medida que nos aproximamos da protagonista no filme é que ele permite certas franquezas, revelações do seu passado. Belo.

Anne Hathaway em "O Casamento de Rachel"

15. O Casamento de Rachel (Jonathan Demme)

Escolher uma câmera realista-investigativa é escolher ir cada vez mais fundo nas camadas da família de Kym (Anne Hathaway excelente) e sua irmã Rachel. É escolher acreditar nas verdades, ouvir as falas ásperas, ser enganado. Mesmo que o filme tenha certas gorduras, atinge um belo nível de tensão e ansiedade nas relações. Cenas inesquecíveis: competição da lava-louças e o banho de Rachel em Kym.

"Se Beber, Não Case"

14. Se Beber, Não Case (Todd Phillips)

Comédias de estereótipos  e costumes definitivamente não podem ser preconceituosas, como Pequena Miss Sunshine. Se o filme não é cúmplice das loucuras dos seus personagens é entediante assistir os julgamentos de um diretor pretensioso. Se Beber, Não Case atinge esse ideal facilmente, já que nos coloca diretamente como parceiros da trupe que depois de uma despedida de solteiro maluca tenta recapitular tudo. A cena do pacto de sangue é hilária.

"Trama Internacional"

13. Trama Internacional (Tom Tyker)

Depois de cair em qualidade com Perfume – A História de um Assassino, Tyker retorna num thriller eletrizante e cheio de construções fabulosas de montagem e planos. Tyker sabe resumir situações rapidamente e o título nacional obviamente nos faz lembrar de uma de suas principais influências para este filme: Alfred Hitchcock.

"Distrito 9"

12. Distrito 9 (Neil Blomkamp)

Ficção científica atípica, brincou com a realidade de forma ousada. Aliens nunca foram tão humanos como aqui e vice-versa.

John Travolta em "O Sequestro do Metrô"

11. O Sequestro do Metrô (Tony Scott)

Scott é um diretor subestimado, acusado de fazer uma estética frenética, videoclíptica e sem ordem. Longe de mim aqui afirmar que ele é “mais do que vocês podem ver”. Entretanto, é importante observar seu lado autoral, presente com grande habilidade estética em Chamas da Vingança e Deja Vu. Em Sequestro do Metrô, Scott ensaia sobre o virtual e sobre as imagens do nosso tempo.  Essencial.

Sean Penn em "Milk"

10. Milk – A Voz da Igualdade (Gus Van Sant)

O cinema de Van Sant vem seguindo um caminho bastante conectado com o real ou o fato histórico. Gerry, Elefante e Last Days são obras inspiradas em algum acontecimento ou pessoa e com Milk não foi diferente. Entretanto, em nenhuma das três histórias havia espaço para Van Sant ir tão afundo no passional como aqui. Concordando ou não com a postura do filme, o diretor nos trouxe uma obra mais frágil, mas extremamente impactante e atual na realidade americana.

Jake Sully (Sam Worthington) em "Avatar", de James Cameron

9. Avatar  (James Cameron)

Quem atentar apenas à história possivelmente se decepcionará em algum trecho ou ao término. Acontece que Avatar é grandioso porque o seu processo faz da história uma outra coisa – mais ampla que o usual. No caminho da “mensagem ecológica”, Cameron também ensaia sobre ser o outro e aí faz do seu filme um dos melhores do ano.

Joaquin Phoenix e Gwyneth Paltrow em "Amantes"

8. Amantes (James Gray)

Ninguém filma as relações familiares como James Gray. Apesar dos seus três primeiros filmes serem sobre máfias menos luxuosas que aquelas retratadas por Scorcese e Copolla, Gray demonstra através de Amantes que seu grande interesse é o seio familiar. Mesmo sendo um filme sobre amores repentinos, impulsivos, Gray retrata as reações da família a tudo isso e vice-versa.

Depp em "Inimigos Públicos"

7. Inimigos Públicos (Michael Mann)

Ninguém filma tiroteios e personagens ligados ao mundo do crime como Michael Mann. Ele tem seu jeito muito próprio de humanizá-los sem tomar partido, de poetizar sobre sua existência em submundos. Dessa vez, tal qual Tarantino, disserta também sobre o cinema e faz isso de forma grandiosa.

"O Equilibrista"

6. O Equilibrista (James Marsh)

Não fossem alguns pequenos excessos televisivos ou dramáticos, estaria  mais próximo ao topo da lista. Ainda assim o filme de Marsh é completamente apaixonado pela ideia do seu protagonista, mesmo que em todo tempo seja bastante cuidadoso na parcialidade. O mais incrível em assistí-lo é se deparar com o que está fora do filme e ser conduzido a observar, o tempo todo, um espelho que reflete exatamente o oposto daquilo que você pensa. O ato do equilibrista é tão terrorista quanto o que fizeram às torres décadas depois. Todavia, ele vive o que o filósofo Hakim Bey afirma: “Arrombe casas mas, ao invés de roubar, deixe objetos Poético-Terroristas. Rapte alguém e faça-o feliz”. O Equilibrista é o registro de um dos maiores atos de terrorismo poético da história.

"Deixa Ela Entrar"

5. Deixa Ela Entrar (Thomas Alfredson)

Uma experiência cega fabulosa. Não ter lido nada sobre esse filme (e quase não saber da sua existência, apenas dos elogios a ele) provavelmente ajuda no processo de recepção. Você não sabe exatamente onde está (ou pensa que sabe) até que o diretor começa a te puxar pela perna para uma fantasia de horror possível dentro de um mundo que não se esperava.

As alunas problemáticas em "Entre os Muros da Escola"

4. Entre os Muros da Escola (Laurent Cantet)

É curioso também ver esse filme sem saber nada a seu respeito. Torna-se possível recebê-lo da forma mais interessante possível: por alguns poucos minutos eu realmente tive dúvidas sobre estar assistindo um documentário ou ficção. A carga realística que Cantet consegue imprimir, na sua exposição da educação francesa, é extremamente forte através de atuações brilhantes e de uma câmera precisa. Não levou uma Palma de Ouro à toa.

O Lutador

3. O Lutador (Darren Aronofsky)

O grande retorno, a excelente surpresa. Aronofsky examina o mundo de The Ram com sua câmera perseguidora e nos traz momentos antológicos como a cena de Rourkey jogando videogame com o garoto e a discussão com a filha. O filme pulsa na respiração descompassada de The Ram. Genial.

Eastwood em "Gran Torino"

2. Gran Torino (Clint Eastwood)

Você não precisa saber nada sobre a vida do tio Clint para, ainda assim, sentir o quanto dele está exposto em seus filmes. Não necessariamente sobre ele, mas sim, a sua visão a respeito daqueles fatos. Eastwood sempre faz filmes sobre a violência e em Gran Torino ele faz seu testamento final: eu não acredito nela.

Roth e Pitt em "Bastardos Inglórios"

1. Bastardos Inglórios (Quentin Tarantino)

Tarantino continua a evolução do seu cinema, passando a ter preocupação em falar sobre o mundo de forma mais direta. Ele olha para a história e diz: “vou contá-la do meu jeito”. Seu “jeito” continua sendo, sempre, um dos mais inovadores do cinema atual e ele consegue fazer cenas à mesa como ninguém. Uma grande pena não ter conseguido revisar o filme ainda.


John Travolta em "O Sequestro do Metrô"

10. O Sequestro do Metrô (Tony Scott)

O cinema de Scott sempre será subestimado, já que tantas vezes é confundido com uma estética videoclipe comum. Acontece que assim como em Deja Vu e Chamas da Vingança, Scott exercita seu lado autoral em O Sequestro do Metrô. Nas entrelinhas do filme há um excelente ensaio sobre o mundo de hoje: conectado, fragmentado, de fluxo informacional exacerbado e muitas vezes turvo.

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