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Lia cardápios como quem vê catálogos de moda, como quem procura o sapato pra festa da semana que vem. Naquela lentidão calculada, me acostumei e não sofria, comia das torradas que vinham depois, dos cafés que ela sempre tomou com tanta classe, me ensinando a rasgar dois saches de açúcar ao mesmo tempo e despejar com cuidado na xícara, das pequenas e das grandes. Se a cafeína proporcional às conversas nunca importou é porque ela dava sabor ao que já era bom e me contava segredo com colheres, olhares, rabiscos de sempre nos guardanapos, tentando me ensinar a desenhar, me abraçando mais sem saber que não sei onde estou indo contigo, mas vou.
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