O imaginário brasileiro, por toda extensão do país, é rico em histórias que podem nos surpreender. Mais do que isso, podem nos aproximar de outras culturas – talvez aquelas milenares, do outro lado do mundo. Quem não lembra do sucesso que foi, na virada do século, a chegada do ballet-de-kung-fu-no-ar em “O Tigre e o Dragão”? Guerreiros voavam e tudo era mágico, belo, histórico. Eis, então, o que “Besouro” também pode ser. Retratando a capoeira na década de 1920, quando muitos negros ainda eram tratados como escravos nos engenhos, o diretor João Tikhomiroff consegue engatar a marcha dos filmes de ação nestas terras. A capoeira, para ele, é o nosso kung fu. Os efeitos estão incríveis e as figuras míticas, junto ao núcleo de vilões, proporcionam a tensão ideal para o filme. Todavia, os diálogos frágeis e baseados num didatismo engajado excessivo, são incômodos. A vingança de Besouro é violenta e tenta ser política, mas na construção do enredo, apenas a primeira parte é bem sucedida.
Publicado originalmente no Guia Cenário Cultural.
estou curisosa pra assistir…