Operação Valquíria – JP Crítica

Operação Valquíria revela algo importante, para além das questões históricas do seu enredo. Trata-se da afirmação de Bryan Singer como um autor de cinema e não apenas como “diretor contratado”. Em seu novo filme ele demonstra que seu maior foco é na narrativa clássica do heroi e nas ideias de redenção que existem em personagens assim. Foi em Super-Man: O Retorno, que Singer mostrou seu interesse em revelar com intensidade a mente de seus protagonistas através das escolhas, marcas físicas e através dos diálogos.

Estrelado por Tom Cruise, o filme conta a história do coronel Stauffenberg, um militar nazista que elabora um plano para derrubar o ditador Adolf Hitler. Sofrendo um ataque surpresa durante a sua passagem pela África, o coronel perdeu a mão direita, dois dedos da outra mão e ficou cego do olho esquerdo. Na caracterização do filme, esses detalhes são aproveitados por Singer, que elabora o personagem como alguém que deseja ao mesmo tempo justiça e a honra alemã recuperada. Em uma das cenas de maior força simbólica, Stauffenberg recebe a ordem de demonstrar lealdade ao governo com a expressão “Heil Hitler”. Como que expressando rancor guardado e ao mesmo tempo sendo irônico com a situação, o coronel ergue com vigor seu braço direito e brada a saudação, mostrando a parte decepada do seu corpo. Um homem cujas cicatrizes representam seu povo e o fazem repensar suas escolhas políticas.

Esta obra de Singer não é menos que o ponto mais alto de sua carreira, demonstrando um formalismo russo apurado na decupagem e influências de Brian de Palma no trato visual. Um blockbuster excepcional, baseado em uma bela e dolorosa história.

Ricardo Oliveira

Publicado originalmente na seção “JP Crítica” do Jornal da Paraíba em 24/02/09

6 Replies to “Operação Valquíria – JP Crítica”

  1. Charles,

    Bonhoeffer fez parte de uma outra tentativa de depor Hitler, e não da Operação Valquíria (segundo o Wikipédia). Ele teria sido enforcado 1 ano antes da última operação, em 1943.

    Veja o filme mesmo, vale muito a pena.

  2. Na verdade Bonhoeffer foi preso em 1943, e durante a operação Valkíria ele estava preso, por isso não participou dela. Ele foi enforcado somente do dia 09.04.45, infleizmente 21 dias antes de Hitler se suicidar.

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