[Cinema]: Belmonte faz um cinema politicamente essencial

"Se Nada Mais Der Certo"

O cinema do diretor paulistano-brasiliense José Eduardo Belmonte é o mais evidentemente político da nova geração de cineastas brasileiros. “A Concepção” fez muito barulho por onde passou, com sua estética tumultuada e seus conceitos gritantes. Nada gratuitos, os filmes de Belmonte vão ao underground das cidades que ele retrata – e se antes assistimos Brasília, em “Se Nada Mais Der Certo” são as disparidades paulistanas que estão na tela. Aqui vemos a história do jornalista Léo (um Cauã Reymond que você não verá em novelas globais) descobrindo formas de se livrar de uma crise financeira. Num ensaio sobre a identidade de quem está perdido na metrópole, o filme não deixa de investigar as causas de um grande mal-estar, passando pelos vazios, pelos valores do corpo, pela conjuntura político-social. O roteiro peca por alguns diálogos pretensiosos demais e especialmente por excesso de tempo no segundo ato, mas isso não tira a sua força: o cinema de Belmonte parece politicamente essencial ao Brasil de hoje.

Publicado originalmente no guia Cenário Cultural. Fev/2010.

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