Alguns pensamentos sobre Cisne Negro e Aronofsky

Meu interesse pelo cinema de Aronofsky só aumenta. Antes de Cisne, havia assistido apenas “O Lutador”, que considero uma bela obra, ainda que faltem pequenos retoques.

Mas Aronofsky é destes diretores que faz filmes deliciosamente imperfeitos. São maravilhosos porque são feitos com paixão desenfreada por seus protagonistas – assim, únicos.

Ele é cineasta de respirações: desde Mickey Rourke[bb] em “O Lutador”, há um trabalho de captar a fluência do andar e do fôlego falindo. Já em “Cisne Negro”, ele preocupa-se em captar o respirar nervoso, a pele em “mutação”, o sangue de Natalie Portman. Não sei dizer, por desconhecimento da filmografia de Darren, se em “Pi”, “Fonte da Vida” ou “Réquien por um Sonho”, ele chegou ir além do seu realismo trabalhado de “O Lutador”, e namorou com o terror psicológico.

O filme demora um pouco a engrenar, porque se sustenta bastante no vigor que há na transformação da personagem de Portman. Esta transformação, contudo, quando nos surge em tela, traz um dos momentos mais vigorosos de se assistir no cinema – tendo em vista representações de ritual de passagem na vida de alguém.

Se ainda buscarmos rimas com “O Lutador”, Aronofsky[bb] se evidencia como um diretor de extremos e, consequentemente, de fins. Os dois filmes terminam com uma entrega completa, que denuncia desesperos e fugas em que pouco importam idades ou gerações: surgem de relações de aflição, patologias, anseios.

Acho belo, verdadeiro e preciso ter em casa pra rever e ouvir o que Aronofsky acha disso tudo que filma.

7 Replies to “Alguns pensamentos sobre Cisne Negro e Aronofsky”

  1. Mayara, minha esposa que é bailarina assistiu na semana passada, e eu hoje. Voltamos pra casa conversando e afirmando que é filme pra ter na prateleira, assistir novamente e quantas vezes forem necessárias. A narrativa é incrivel!

  2. A análise do filme mais filosófica que li, que viu o lado do diretor, o que ele pensa e sente – e como isso já vem de outras obras… "Preciso ter em casa": 2 membros.

  3. Acho um pouco arriscado tirar conclusões sobre estes filmes de Aronofsky ou enquadrá-lo em qualquer nicho de diretores, sem sequer ter um conhecimento sobre suas produções ou mesmo sobre o processo construtivo das obras.

    "…tendo em vista representações de ritual de passagem na vida de alguém". Muito bli bli bló pra um embasamento limitado.

    Abraço e sucesso com o blog.

  4. Sei… vc acha que oq eu falei, desconsiderando o fato de eu não ter visto os primeiros filmes indies de Aronofsky, sem coerência? Pq se pra vc for incoerente independente disso, tudo bem. Mas afirmar que é blablabla SÓ por isso…aí é incoerencia da sua parte. Até porque sou apaixonado por O Lutador e, pra mim, só nele há o suficiente pra fazer pontes ou não com o cinema do cara. E mais, a vantagem é que agora me interesso ainda mais pelos primeiros filmes dele. Enfim..

  5. Não, Ricardo. Em momento algum eu falo sobre falta de coerência. Incoerência é quando desenvolvemos um pensamentos e durante esse processo andamos na contramão ou tomamos rumos impossíveis. E, neste caso, nem você, e muito menos eu, fomos incoerentes. Eu falei sobre enquadramento, sobre conceituar e isso independe de gostar ou não de dado filme ou cineasta, faz mais sentido quando se conhece um todo. Foi pontualmente sobre este "risco" que comentei.

    Abraço.

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