Sim, estamos de volta ao podcast – mas não do jeito que você esperava

 

Quando o Podcast Diversitá simplesmente parou no murcho episódio 41, a gente nunca se despediu. Pouco tempo depois a vida dos três se organizou para outros rumos em que manter o programa era inviável.

Em essência, razões profissionais – essas coisas agridoces que fizeram não apenas o podcast parar, mas os blogs, os canais de YouTube e tantas outras possibilidades. Sem arrependimento, claro: coisas novas surgiram.

Nesse meio tempo, comecei minha empresa, o estúdio Dois Cafés;

Daniel largou o direito para virar ilustrador e motion designer; veio trabalhar com a gente;

Gi iniciou projetos incríveis em sua nova carreira de repórter de TV, como o Qual É a Boa, um especial de jornalismo cultural no jornal de almoço (algo praticamente inédito na cidade), além do Som Nascente, um projeto de TV/Rádio/Web que ela tocou com Diogo Almeida para valorizar a produção musical local.

De quebra ainda teve O Canvas de Conteúdo, meu segundo livro/ebook “O Futuro do Conteúdo”, cursos online meus ou de Ray e esse é um pequeno resumo.

Aquela coisa, né: algumas coisas incríveis pararam e outras coisas incríveis vieram junto. Mas já são 5 anos e, claro, muita coisa nova começou a acontecer. Talvez a mais significativa delas para o novo momento seja o fato de que Gi decidiu partir para novos projetos e deixou a TV, que era um impedimento para a produção do podcast por razões contratuais perfeitamente compreensíveis.

Era a peça final do dominó, claro. Não que nesse meio tempo a gente tenha perdido contato: o podcast que gerou uma amizade incrível fez com que ela mesma se expandisse para as famílias que se formaram nesse meio tempo:

eu casei  com Ray alguns meses antes do podcast parar;

Gi se casou com Matheus no final de 2018;

Daniel se casou Bella em setembro de 2019.

Daí pra esse bando de casados começar a puxar papos sobre voltar a fazer podcast foi um pulo: tempos depois eu acabei descobrindo que era recorrente um incentivo dos esposos/esposas. Matheus, inclusive, era ouvinte do Diversitá das antigas, mesmo antes de namorar Gi. E para Rayssa, que viu inúmeras gravações em casa, era meio evidente o quanto eu sempre fui apaixonado pelo projeto. Chegamos ao ponto em que ela me incentivava mais do que eu mesmo.

A primeira vez que a gente tocou num assunto eu fiz a clássica pergunta mal educada em um encontro de corredor na TV Cabo Branco:

_Gi, quantos anos tu tem mesmo?

Ela me olhou claramente com olhos de condenação. Claramente tem coisas que nem com intimidade podem ser perguntadas.

E aí contei pra ela o porquê: a gente tava com a ideia de fazer um podcast chamado “Depois dos 30” só pra fala

r de aleatoriedades. Ela adorou a ideia, exceto pelo fato de ainda ter alguns aninhos pela frente antes da bendita idade. Claro que deixei a ideia de lado: podcasts sobre isso devem ser a grande maioria desde o estouro de podcasts como Imagina Juntas e afins.

Não que a gente já não fizesse um podcast sobre coisas que inúmeros podcasts já fazem. Mas sei lá, não dá tanto tesão quanto falar de cultura pop. E os papos foram voltando.

O Caderno das Coisas Preferidas era um nome que eu já tinha guardado há um tempo, bem antes da primeira conversa. Mas quando refizemos um grupo no WhatsApp e apresentei a ideia, ela tinha outra cara, outra forma do que hoje está no ar. O nome veio dos cadernos que passavam entre os amigos na sala para jogar (!!), conversar, ganhar tempo em aulas chatas. Gi até tem uma pasta guardada com folhas desses dias. Mas vem também de “O Livro das Listas”, obra que reuniu anotações diversas de Renato Russo em formato de caderno. Achei massa quando vi na livraria.

Chegamos a gravar dois episódios em momentos diferentes. O primeiro, presencialmente, foi antes da pandemia, no final de fevereiro. Aí, é claro que com a pandemia tudo mudou. Decidimos, parcialmente, desistir da primeira gravação e gravar outro. Que também foi para gaveta por outras razões. Foi o necessário para também engavetar a ideia pelos motivos certos: semanas depois, tiramos da gaveta reformulada e foi tudo bem rápido.

Gravamos na terça 14 de julho e na quinta, 16, foi a estreia. O Caderno está no ar.

Em essência, é um irmão de sangue do Diversitá: são os três falando de cultura pop, mas (ouso aqui) com um olhar novo. Porque quem já passou dos 27 sabe que a coisa perto dos trinta (antes ou depois dele) começa a mudar muito radicalmente. A prova disso não é só evidente no repertório maior de links entre as recomendações (sim, transformamos a “dica da semana” em um podcast só disso), mas especialmente no modo como conversamos sobre vários temas. Talvez os episódios mais simbólicos sobre isso sejam o 04 e o 06, quando tocamos nos temas políticos/sociais que envolvem as obras, mas não como se fosse necessariamente nossa pauta (a maior parte do episódio não é combinada).

Fato é que, pra mim, voltar a gravar está sendo um dos maiores prazeres da vida em um ano tão difícil como 2020. Estamos ferrados na saúde, na política e na cabeça. mas gravar é uma terapia coletiva de aquecer o coração com algumas recomendações de quebra. O podcast, no final, é muito mais sobre a gente “se encontrar” do que realmente indicar coisas.


Ouça O Caderno das Coisas Preferidas na sua plataforma preferida, estamos em todas =)

 

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