Alguns pensamentos sobre “Blue Valentine”, de Derek Cianfrance

“Blue Valentine” (me recuso a sequer mencionar o título nacional) é um filme que tem muita força por deixar espaço para pensar sobre o que não está na tela. Especialmente os sentimentos. A ordem cronológica proposta ajuda nesse sentido e algumas escolhas são bastante expressivas.

Há vezes que o diretor escolhe suprimir falas e chegar somente em suas consequências (a resposta a uma informação que nós não ouvimos), como na cena da ponte (ou plataforma) quando os dois ainda estão se conhecendo. Logo, para ele, a resposta aos fatos é sempre mais importante que o fato em si. Como na descoberta da morte da cadela: é símbolo claro no início do filme, mas também funciona como fato que exige resposta prática entre Dean e Cindy. Entre a pergunta bruta de Dean (na escola) e a reação de Cindy há muito que não vemos na tela, mas entendemos pelo que se sucede.

É bonito achar o dedo de Cassavetes no cinema de Derek Cianfrance, que merece atenção a partir de agora. Como em “Faces”, a câmera circular ou captando os personagens em hipercloses parece querer examinar esse mundo com muita atenção e, ao mesmo tempo, com muito cuidado. Como em Cassavetes, somos testemunhas muito próximas a tudo aquilo.

Há bastante o que melhorar nos diálogos e talvez faltem ainda mais silêncios – não daqueles que os personagens são lacônicos, mas dos silêncios que a câmera escolhe captar.

E ainda nessas impressões, acho que o filme talvez merecesse ser um pouquinho mais magro. Uns 10 minutinhos a menos não lhe fariam mal.

Estou me arriscando, sem rever…a opinião talvez se consolide melhor na revisão que pretendo fazer logo.

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